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Foto: Joana Bourgard

Estudo diz que impactos do clima nas aves e mamíferos têm sido subestimados

14.02.2017

Os gorilas-da-montanha são apenas uma das cerca de 700 espécies ameaçadas de mamíferos e aves que já estão a ser atingidas pelas alterações climáticas e cujos impactos têm sido dramaticamente subestimados, revela um novo artigo publicado na revista Nature Climate Change.

 

Um grande número de espécies ameaçadas já estão a sofrer com as alterações climáticas, concluiu um estudo internacional publicado ontem. “Tem havido um registo muitíssimo subestimado destes impactos”, disse em comunicado James Watson, investigador da Universidade de Queensland e um dos autores do estudo.

 

Gorila-da-montanha. Foto: Liana Joseph

 

“Apenas 7% dos mamíferos e 4% das aves que mostram respostas negativas às alterações climáticas estão actualmente classificadas como ‘ameaçadas pelas alterações climáticas e eventos extremos’ pela Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza”, salientou.

Foi esta a conclusão a que chegou a investigação internacional, depois de ter revisto os impactos observados das alterações climáticas nas aves e mamíferos, baseando-se num total de 130 estudos realizados entre 1990 e 2015. Segundo os investigadores, esta é a avaliação mais completa sobre como as alterações climáticas afectam as nossas espécies mais bem estudadas.

“Os resultados sugerem que é provável que cerca de metade (47%) dos mamíferos ameaçados (de 873 espécies) e 23% das aves ameaçadas (de 1.272 espécies) já têm respostas negativas às alterações climáticas” em pelo menos parte da sua área de distribuição, acrescentou Watson.

Ainda assim, estes impactos têm sido quase invisíveis. “Precisamos melhorar o mais depressa possível as avaliações dos impactos das alterações climáticas em todas as espécies, mesmo nos grupos menos estudados”, defendeu o investigador.

Esses dados devem ser comunicados à sociedade e aos decisores políticos para que sejam tomadas medidas para evitar a extinção de mais espécies. “As alterações climáticas já não são uma ameaça futura.”

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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