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Cinco coisas a saber sobre o lixo que há no mar português

14.11.2016

Uma equipa de biólogos da Universidade de Aveiro navegou pelas águas da Zona Económica Exclusiva (ZEE) portuguesa para saber que lixo está a boiar no mar português. Na semana passada foram apresentados os primeiros resultados da investigação. Aqui ficam cinco coisas que ficámos a saber.

 

Foram registados mais de 750.000 objectos, com mais de dois centímetros, a boiar na ZEE portuguesa, entre as 50 e as 220 milhas náuticas. Mas, alerta Sara Sá, coordenadora do estudo, “grande parte do lixo permanece na coluna de água (abaixo da superfície) ou deposita-se no fundo do mar, pelo que a quantidade de lixo na superfície do mar não representa a ameaça completa”.

 

O plástico é o material mais abundante. Depois surgem a esferovite, restos de materiais de pesca, papel, cartão e pedaços de madeira.

 

O lixo com dimensões entre os 10 centímetros e um metro foi o mais abundante. Estes objectos, lembra a bióloga, “incluíam vários tipos de plásticos, cabos e linhas de pesca, sendo por isso material bastante resistente e persistente, podendo flutuar por longos períodos de tempo”.

 

A maior quantidade e diversidade de lixo foi encontrada no norte da ZEE, zona onde há mais embarcações de pesca.

 

O lixo marinho está a ameaçar peixes, aves, tartarugas e mamíferos marinhos. Estes ficam enredados em redes, cabos e linhas de pesca – materiais que acabam por causar-lhes o afogamento por asfixia – e podem ingerir lixo que lhes bloqueia o sistema digestivo, causando lesões internas ou até mesmo a morte. “A quantidade de lixo encontrada à superfície, mesmo sendo inferior a outras regiões do mundo, continua a ser preocupante para a biodiversidade marinha”, diz Sara Sá.

 

Bastidores da investigação

 

Este foi o primeiro estudo sobre lixo que flutua no mar português e foi feito por uma equipa de biólogos da Universidade de Aveiro, coordenada por Sara Sá.

 

Sara Sá. Foto: D.R.
Sara Sá. Foto: D.R.

 

Os dados foram recolhidos no Verão de 2011 durante a campanha oceânica a bordo da embarcação Santa Maria Manuela, no âmbito do projecto LIFE+ MarPro.

Sara Sá prepara-se agora para continuar a investigação, desta vez com o estudo do lixo marinho nas águas costeiras portuguesas e os impactos da ingestão e do emaranhamento em lixo em várias espécies da fauna marinha.

 

[divider type=”thick”]Saiba mais.

Conheça Ana, que dá vida ao plástico que chega às praias de Cascais, a campanha Mariscar sem Lixo da Ocean Alive no Estuário do Sado, e ainda o projecto Straw Patrol, que reúne seis biólogos marinhos nas praias do Algarve.

[divider type=”thick”]Agora é a sua vez.

Estão abertas as assinaturas para a Parceria Portuguesa para o Lixo Marinho por qualquer pessoa ou organização interessadas em ajudar. O objectivo desta parceria é reduzir os impactos do lixo marinho e promover a protecção dos ecossistemas e da saúde humana em Portugal.

Para tal será promovida uma rede nacional de atores sociais, a partilha de informação sobre como podemos reduzir a produção de resíduos e como monitorizar o lixo marinho e serão estabelecidas metas nacionais para a sua redução. Esta parceria pretende também colaborar com organizações nacionais e internacionais em iniciativas que ajudem a prevenir, reduzir e gerir o lixo marinho.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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