Esta é uma excelente altura do ano para estar atento e identificar as nossas árvores nativas, muitas delas também presentes em parques e jardins.
Pode parecer uma proposta descabida, já que nesta altura do ano muitas das árvores, carentes da sua copa, se tornam ainda mais discretas. Restam visíveis apenas o seu tronco e ramos. Mas é precisamente esse exercício que queremos sugerir.
A ausência dos elementos de identificação óbvios (a folha, a flor, o fruto) nas árvores de folha caduca obriga a atender a outros caracteres destes gigantes vegetais.
Observar a casca seca que protege o tronco (camada a que se chama ritidoma) é um exercício desafiante e muito revelador. Todas as espécies de árvores têm a sua ‘impressão digital’ marcada no ritidoma, na sua ‘pele’. Propomos começar a praticar com três espécies.
O freixo tem um ritidoma grosso e reticulado.
O carvalho-alvarinho apresenta uma cor semelhante (castanho-acizentado) mas as fibras são menos fundas, paralelas e verticais.
No ulmeiro as nervuras do ritidoma são semelhantes às do carvalho-alvarinho mas formam uns V invertidos e apresentam-se geralmente mais cinzentas.
Mas este panorama invernal é precedido pelo colorido espetáculo outonal, ainda em curso.
No final do Verão, a cor verde das folhas das árvores começa a mudar. Até então, o pigmento dominante era a clorofila, responsável pela absorção da luz solar e transformação do dióxido de carbono e água em carbohidratos úteis à planta. Mas com o avançar das estações, os dias ficam com menos horas de luz e as temperaturas tornam-se mais baixas. Isto leva à degradação da clorofila.
Com a degradação deste pigmento verde destacam-se os outros naturalmente presentes nas folhas mas mascarados sob este, como os amarelos (carotenos) e os vermelhos (antocianinas).
Os melhores locais: As zonas ribeirinhas bem conservadas são sítios ideais onde pode encontrar freixos, carvalhos-alvarinhos e ulmeiros. Mas se quiser apostas certeiras, tente a Serra da Estrela, a Serra do Gerês e o Carvalhal da Reixela, em Baião.
[divider type=”thin”]Marta Pinto é investigadora na Universidade Católica do Porto e coordenadora do projecto “FUTURO – 100 mil árvores na Área Metropolitana do Porto, cuja missão é plantar 100.000 árvores nativas entre 2011 e 2016 e, assim, criar florestas urbanas nativas. Descubra aqui como participar.