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Garajau-comum. Foto: Stefan Berndtsson/Wiki Commons

Censo de garajaus regista 10.000 destas aves marinhas nos Açores

03.08.2017

O Censo de Garajaus de 2017 registou cerca de 10.000 aves no arquipélago dos Açores, o que representa o maior aumento para estas aves marinhas em oito anos, segundo dados divulgados pela Direcção Regional dos Assuntos do Mar no mês passado.

 

Os Açores são incontornáveis para os garajaus, aves de plumagem clara, cabeça preta e cauda bifurcada. É aqui que podemos encontrar a maior população de garajau-comum (Sterna hirundo) de Portugal. A espécie cria em todas as ilhas, de Abril a Agosto, com a maior colónia situada no ilhéu da Praia, segundo o Atlas das Aves Marinhas.

 

Garajau-comum. Foto: Stefan Berndtsson/Wiki Commons

 

Além do garajau-comum, também podemos encontrar nos Açores o garajau-rosado (Sterna dougalii). Na verdade, a população dos Açores representa cerca de 50% da população nidificante na Europa desta espécie, de acordo com o mesmo Atlas.

 

Garajau-rosado. Foto: U. S. Fish and Wildlife Service/Wiki Common

 

As populações destas aves marinhas são monitorizadas regularmente para quantificar as populações das duas principais espécies de garajaus que nidificam nos Açores. Em meados de Julho, a Direcção Regional dos Assuntos do Mar divulgou os resultados do censo deste ano.

Em 2017 foram contados 4.176 casais reprodutores de garajau-comum em 124 colónias e 763 casais de garajau-rosado em 25 colónias.

 

Garajau nos Açores. Foto: Direcção Regional dos Assuntos do Mar

 

Estes dados “representam um aumento da população, em relação a 2016, de cerca de 50% para casais reprodutores de garajau-comum e de 30% para casais de garajau-rosado”, explicou, em comunicado, Filipe Porteiro, biólogo marinho e director regional dos Assuntos do Mar.

O Grupo Central dos Açores é o que apresenta “a maior percentagem de casais de garajau-comum”, cerca de 50%. Já o garajau-rosado concentra-se mais no Grupo Ocidental, onde estão 76% dos casais reprodutores.

Cerca de 40 pessoas participaram nas contagens, nomeadamente Vigilantes da Natureza dos Parques Naturais de Ilha, investigadores do Departamento Oceanografia e Pescas (DOP) da Universidade dos Açores e da Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (Spea).

O censo foi feito com visitas às colónias acessíveis para contabilização de ninhos e posturas. As contagens nas colónias mais inacessíveis – em particular nos ilhéus costeiros, refúgio para aves marinhas – foram feitas à distância por terra e por mar, através de binóculos e telescópio ou de viagens de barco à volta de todas as ilhas. Através do som de uma buzina que fazia as aves levantarem voo foi possível estimar o número de adultos, explicou a direcção regional açoriana.

“Desde 2009, este foi o ano em que registámos mais garajaus”, salientou Filipe Porteiro. Ainda assim, “esta ave marinha continua a precisar de especiais medidas de proteção”.

O Censo de Garajaus 2017 foi coordenado pela Direcção Regional dos Assuntos do Mar, em parceria e com o apoio dos Serviços de Ambiente e dos Parques Naturais de Ilha.

A monitorização destas espécies começou em 1989 e desde 1993 acontece todos os anos nas principais colónias, por iniciativa dos investigadores de aves marinhas do DOP/IMAR. “Na última década tem havido um esforço crescente para se monitorizar na íntegra as colónias de todo o arquipélago”, nota a direcção regional.

Desde o ano passado, o Governo dos Açores assumiu a coordenação do censo. A monitorização e recolha de dados populacionais de aves marinhas com estatuto de proteção regional, comunitária e internacional, como é o caso dos garajaus comum e rosado, constitui uma obrigação legal no âmbito da Diretiva Aves (Rede Natura 2000), da Diretiva Quadro Estratégia Marinha, tendo ainda enquadramento na Convenção OSPAR.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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