A Wilder esteve no Bioblitz de Monsanto 2016, a 2 de Julho, e fez cinco perguntas a Patrícia Tiago, da equipa que fundou a primeira base de dados da distribuição nacional de espécies, o Biodiversity4all – A Biodiversidade para Todos.
Wilder: Como surgiu o projeto?
Patrícia Tiago: A ideia de criar esta plataforma surgiu em 2009, quando estava envolvida num projeto científico de registo de peixes de água doce. Quando o projeto estava prestes a terminar, achámos que seria uma pena não envolver os pescadores nesse registo. E depois começámos a pensar em algo que envolvesse mais pessoas.
W: Como conseguiram concretizar a ideia?
PT: Entrámos em contacto com o programador deste tipo de bases de dados online, o holandês Marcel Dix. Na Holanda, já há este tipo de plataformas há muitos anos. Este programador pôs-nos em contacto com um site holandês semelhante e, a partir daí, começámos a criar o Biodiversity4all.
W: Qual a principal função desta plataforma?
PT: No fundo, criámos uma associação sem fins lucrativos que faz a gestão do trabalho voluntário das pessoas que se interessam pela biodiversidade, sejam elas cientistas ou não.
W: De que se forma o Biodiversity4all se enquadra no seu percurso académico?
PT: Na área da biologia, falta-me um ano para concluir o doutoramento em Ciência Cidadã. Agora estou a trabalhar muito diretamente com este tipo de bases de dados e, mais especificamente, com a do Biodiversity4all, como caso de estudo. Basicamente, com a minha tese de doutoramento tento compreender como é que este tipo de bases de dados contribui para o aumento do conhecimento da biodiversidade e a utilidade desta informação, ao nível científico.
W: Como tem evoluído esta base de dados online?
PT: O projeto tem vindo a crescer, com mais ajudas e cada vez mais pessoas a prestar o seu contributo.
Entretanto, aproxima-se outro elemento da equipa que fundou o Biodiversity4all, Luís Tiago Ferreira, que se junta à conversa:
Luís Tiago Ferreira: Verificámos uma evolução muito grande desde 2011. Hoje em dia, há mais pessoas a participar e a dinâmica de registo de observações mudou bastante. Nos últimos dois anos temos tido entre 3.000 e 4.000 registos por mês, comparativamente com pouco mais de uma centena que tínhamos no início do projeto. Talvez porque era pouco conhecido e, se calhar, as pessoas ainda estavam pouco despertas para estas questões, que foram sendo mais divulgadas. No entanto, com base nos dados de parceiros europeus, vemos que ainda há muito a fazer em Portugal.
Este texto foi editado por Helena Geraldes.
[divider type=”thick”]Saiba mais…
Acerca da monitorização nacional de espécies, realizada com a ajuda dos cidadãos, aqui.
E conheça os resultados do Bioblitz de Monsanto e do Bioblitz do Jardim Botânico do Porto, ambos a 2 de Julho.