Aproveite um passeio na natureza para levar um caderno e desenhar o que lhe chamar a atenção. O ilustrador naturalista Francisco Hernández sugere-lhe o que desenhar nesta Primavera. Riachos, flores, libélulas, rochas e árvores estão entre os seus motivos preferidos.
A natureza está, habitualmente, cheia de motivos que nos inspiram a parar, a observar e a desenhar. Mas quando chega a Primavera, como agora, temos ainda mais oportunidades para admirar paisagens, flora e fauna.
Os riachos que correm nas serras são sempre um motivo que desperta a nossa atenção e nos convida a olhar. E há muito para admirar. A superfície da água sempre em mudança, as cascatas borbulhantes de espumas limpas e brancas que contrastam com os profundos tons do leito. E a cobertura multicolor que enfeita as margens com flores e o reflexo dos ramos novos que desabrocham das árvores nesse espelho em movimento. O resultado final é um espectáculo que não podemos deixar de admirar e desenhar.
Neste desenho a tinta e aguarela procurei captar uma pequena parte da riqueza cromática e o contraste da paisagem.
Uma ribeira na serra, cujas águas correm sobre um leito rochoso. Os fortes contrastes entre as luzes e as sombras. Os azuis do céu que se refletem na superfície húmida das rochas e as cores inesperadas surgindo da interacção entre a rocha e as algas superficiais.
As flores também estão presentes, mais e mais à medida que o mês de Abril avança.
Até que chega uma altura em que, só por nos sentarmos num prado de flores silvestres, a nossa vista enche-se de motivos para pegar no material de desenho e pô-lo sobre o solo, entre sol e sombra, para as desenhar.
Por vezes, borboletas e libélulas passam o tempo suficiente pousadas sobre um mesmo lugar, como se estivessem à espera de serem desenhadas.
As rochas e os pequenos carvalhos ou pilriteiros que crescem ali abrigados são sempre um motivo para desenhar. Por sorte vivo a pouca distância de um lugar onde o granito aflora à superfície e a sensação é a de estar num belo jardim bem cuidado, rodeado do canto de dezenas de aves.
As árvores em geral e os carvalhos e os sobreiros em particular são outra sugestão. Podemos procurar captar as suas variações de tons de verde, azul, terra, ocre e as mudanças que experimentam com o avançar do dia e a posição do Sol. Ou as luzes que atravessam a sua copa para se derramar sobre os seus troncos.
Desenhar é uma forma de comunicação. A comunicação produz-se, independentemente do resultado dos nossos desenhos.
A conversação acontece, independentemente, de a fixarmos na forma de um desenho. Mas é o desenho que nos incita a continuar a observar e, por isso, a continuar a comunicar com aquilo que desenhamos. De outro modo, seguiríamos em frente e começaríamos outra breve conversa.
E é muito agradável abrir o nosso caderno e recordar todas essas conversas que tivemos ao longo do tempo com árvores, borboletas, rios e rochas.
[divider type=”thick”]Francisco Hernández aconselha-o aqui sobre que materiais deve levar para o campo.
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Saiba mais sobre Francisco J. Hernández através do seu site Avestrazos.
O ilustrador espanhol falou connosco sobre o papel que tem na sua vida desenhar a natureza e sobre a importância que pode ter para qualquer pessoa. Pode ler aqui.
Sabia que Francisco J. Hernández desenhou a Costa Vicentina? A Wilder mostra-lhe aqui alguns dos seus desenhos.
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Descubra aqui as propostas para a Primavera do ilustrador Marco Nunes Correia na edição de 2015 da série Atelier de Desenho.