Sinais da Primavera: o regresso das alvéolas-amarelas

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Nesta altura do ano, a chegada das aves migradoras é esperada com entusiasmo. As alvéolas-amarelas são um primeiros sinais de que a 
Primavera está próxima.

Cada Primavera é especial e há sempre muito por que aguardar. Mas talvez este ano, depois de meses de pandemia e confinamento, precisemos de um conforto emocional extra.

Nisso as aves podem ajudar, em especial a colorida alvéola-amarela (Motacilla flava).

Alvéola-amarela. Foto: Standbild Fotografie/WikiCommons

Esta é uma das mais coloridas aves portuguesas. Os machos adultos têm uma plumagem amarela no peito e no ventre e a cabeça azulada. Nas fêmeas as cores são menos vivas e os juvenis são mais acastanhados.

“A chegada das primeiras alvéolas-amarelas representa, tal como a das andorinhas, um dos primeiros sinais de que a Primavera está próxima”, diz Gonçalo Elias, responsável pelo portal Aves de Portugal.

Macho adulto. Foto: Marton Berntsen/WikiCommons

A alvéola-amarela é um dos migradores estivais mais precoces. “As primeiras aves aparecem ainda em Fevereiro, sobretudo na última semana, mas a maioria chega já em Março.”

Estas aves passam o Inverno na África subsariana e nidificam em praticamente toda a Europa. 

“Geralmente fazem os ninhos no solo, junto a um tufo de vegetação herbácea. É uma pequena taça feita de ervas”, explica Gonçalo Elias.

Podemos procurar ver ou ouvir estas belas aves em “locais com alguma humidade, próximos de água mas com vegetação de pequeno porte”.

Macho adulto. Foto: Frank Vassen/WikiCommons

Gonçalo Elias sugere como bons sítios para procurar “as terras baixas do litoral, desde o Minho ao Algarve, nomeadamente junto a estuários, lagoas costeiras, ou grandes várzeas”. Aí frequenta sapais, arrozais, terrenos encharcados ou prados húmidos.

“No interior norte frequenta ainda lameiros e pastagens de altitude.”

“Durante as épocas de passagem migratória aparece com regularidade noutras regiões do país, por exemplo no interior alentejano, e nessa altura é frequente observá-las nas margens de barragens ou açudes.”

O canto desta espécie é “pouco elaborado, sendo composto por notas curtas, mas bastante características”.

Foto: Ekaterina Chirnetsova/WikiCommons

Quando chega Agosto ou Setembro, a maior parte das alvéolas-amarelas que nidificam em Portugal (subespécie iberiae) parte rumo ao continente africano.

Mas nessa altura “aparecem também muitos indivíduos em passagem, vindos de países situados mais a norte”. Então é frequente observar-se algumas aves pertencentes a outras subespécies europeias, nomeadamente a flavissima, que nidifica na Grã-Bretanha, a flava, que vem da Europa central e a thunbergi, que é oriunda dos países nórdicos, explica Gonçalo Elias.

“Em anos recentes, a espécie tem sido observada em pleno Inverno na lezíria de Vila Franca de Xira, em números muito reduzidos, o que sugere que exista uma pequena população invernante nessa zona.”


Saiba mais.

Conheça aqui a alvéola-amarela juvenil que a leitora Carolina Silva fotografou nas salinas da Figueira da Foz a 12 de Junho de 2020.


Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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