Os tritões-de-ventre-laranja (Lissotriton boscai) aguardaram todo o Verão por este momento. Com as primeiras chuvas de Outono, começam agora a sair dos abrigos onde estiveram escondidos nos meses de maior calor, alimentando-se principalmente de minhocas e lesmas.
Ana Ferreira, técnica do projecto Charcos com Vida, explica que, um pouco por todo o país, estes pequenos anfíbios – que medem entre 6,5 e 9 centímetros – estão a abandonar os refúgios debaixo de pedras e troncos e na vegetação e entram em ribeiros, charcos ou lagoas com pouca corrente. O seu objectivo é muito claro: reproduzir-se.
A época de reprodução dura de Novembro a Junho. Tudo acontece na água. As danças nupciais dos machos de tritão, que se colocam em frente das fêmeas, são um conjunto complexo de movimentos rápidos da cauda. Nesta altura do ano, os machos adquirem também um ventre muito mais laranja, quase fluorescente, e uma mancha branca na cauda.
Os machos colocam os espermatóforos no fundo do charco. Depois a fêmea passa por cima deles e é fecundada.
Cada fêmea deposita entre 100 e 250 minúsculos ovos gelatinosos, ao longo de vários dias, em cima de folhas de plantas aquáticas. Algumas semanas depois estes começam a eclodir. Durante a fase aquática, os tritões alimentam-se de larvas de mosquito e pulgas-de-água, sendo importantes controladores destes insectos.
[divider type=”thick”]Saiba mais.
Cientistas e comunicadores de ciência explicam-nos o que a natureza em Portugal está a fazer no Outono e por quê, nesta nova série Wilder.
[divider type=”thick”]Agora é a sua vez.
Envolva-se na campanha Charcos com Vida e ajude a pôr no mapa os charcos que conhece. Ou então, descubra aqueles que estão perto da sua casa. Também pode ajudar na campanha “Não deixe os charcos sem vida”, a decorrer de 28 de Outubro a 15 de Dezembro. A campanha de Crowdfunding tem como objectivo garantir a construção de mais 20 charcos, a inventariação de mais 174 charcos e o apoio a escolas (num total de 1.060 alunos) e a 390 profissionais.
A campanha Charcos com Vida, lançada em 2010, quer incentivar a inventariação, adopção, construção e manutenção de charcos e pequenas massas de água para a observação da biodiversidade e conservação da vida selvagem. Após uma primeira fase de organização a cargo do CIBIO (Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos), actualmente a coordenação e desenvolvimento do projecto é da responsabilidade do CIIMAR (Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental), da Universidade do Porto.