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Tritões-de-ventre-laranja estão a voltar aos charcos

31.10.2016

Os tritões-de-ventre-laranja (Lissotriton boscai) aguardaram todo o Verão por este momento. Com as primeiras chuvas de Outono, começam agora a sair dos abrigos onde estiveram escondidos nos meses de maior calor, alimentando-se principalmente de minhocas e lesmas.

 

Ana Ferreira, técnica do projecto Charcos com Vida, explica que, um pouco por todo o país, estes pequenos anfíbios – que medem entre 6,5 e 9 centímetros – estão a abandonar os refúgios debaixo de pedras e troncos e na vegetação e entram em ribeiros, charcos ou lagoas com pouca corrente. O seu objectivo é muito claro: reproduzir-se.

 

Foto: Pedro Alves
Foto: Pedro Alves

 

A época de reprodução dura de Novembro a Junho. Tudo acontece na água. As danças nupciais dos machos de tritão, que se colocam em frente das fêmeas, são um conjunto complexo de movimentos rápidos da cauda. Nesta altura do ano, os machos adquirem também um ventre muito mais laranja, quase fluorescente, e uma mancha branca na cauda.

Os machos colocam os espermatóforos no fundo do charco. Depois a fêmea passa por cima deles e é fecundada.

Cada fêmea deposita entre 100 e 250 minúsculos ovos gelatinosos, ao longo de vários dias, em cima de folhas de plantas aquáticas. Algumas semanas depois estes começam a eclodir. Durante a fase aquática, os tritões alimentam-se de larvas de mosquito e pulgas-de-água, sendo importantes controladores destes insectos.

 

[divider type=”thick”]Saiba mais.

Cientistas e comunicadores de ciência explicam-nos o que a natureza em Portugal está a fazer no Outono e por quê, nesta nova série Wilder.

A migração das libélulas.

 

[divider type=”thick”]Agora é a sua vez.

Envolva-se na campanha Charcos com Vida e ajude a pôr no mapa os charcos que conhece. Ou então, descubra aqueles que estão perto da sua casa. Também pode ajudar na campanha “Não deixe os charcos sem vida”, a decorrer de 28 de Outubro a 15 de Dezembro. A campanha de Crowdfunding tem como objectivo garantir a construção de mais 20 charcos, a inventariação de mais 174 charcos e o apoio a escolas (num total de 1.060 alunos) e a 390 profissionais.

A campanha Charcos com Vida, lançada em 2010, quer incentivar a inventariação, adopção, construção e manutenção de charcos e pequenas massas de água para a observação da biodiversidade e conservação da vida selvagem. Após uma primeira fase de organização a cargo do CIBIO (Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos), actualmente a coordenação e desenvolvimento do projecto é da responsabilidade do CIIMAR (Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental), da Universidade do Porto.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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