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Cobra-de-água-viperina (Natrix maura). Foto: 5snake5/WikiCommons

Qual a diferença entre cobra e serpente?

31.01.2025

A propósito do Ano Novo Chinês 2025, que começou a 29 de janeiro e marca a chegada do Ano da Serpente, perguntámos ao investigador Diogo Parrinha qual a diferença entre cobra e serpente.

Em Portugal, as serpentes ocorrem por todo o território, desde as mais pequenas (como a cobra-de-capuz) às maiores (como a cobra-rateira).

“De uma forma simples, tal como no caso dos pássaros e das aves, todas as cobras são serpentes, mas nem todas as serpentes são cobras”, explicou Diogo Parrinha, herpetólogo e aluno de doutoramento do BIOPOLIS/CIBIO, à Wilder.

Cobra-de-água-viperina (Natrix maura). Foto: 5snake5/WikiCommons

“Tecnicamente, podemos dizer que ‘cobras’ são as serpentes da família Colubridae, tal como ‘víboras’ são as serpentes da família Viperidae. No entanto, esta é uma questão de linguagem ‘complicada’ pelo Português, uma vez que utilizamos o termo ‘cobra’ para nos referirmos a qualquer serpente, independentemente da família, e o termo ‘serpente’ não é tão utilizado na linguagem comum. A mesma confusão não se verifica em Inglês, em que o termo comum para qualquer serpente é ‘snake'”.

E acrescentou: “curiosamente, quando os Portugueses chegaram ao continente Africano utilizaram o termo ‘cobra de capelo’ para se referirem às serpentes do género Naja que lá encontraram e até hoje muitas serpentes da família Elapidae (principalmente as do género Naja, mas não só) são vulgarmente conhecidas por ‘Cobras’ em Inglês”.

Resumindo, “podemos ser preciosistas e dizer que as cobras são as serpentes da família Colubridae em Português, mas na prática os termos ‘cobra’ e ‘serpente’ na nossa língua são utilizados quase como sinónimos”.

Víbora-cornuda (Vipera latastei). Foto: Eugénia Silva/WikiCommons

Mais especificamente, em Portugal, a identificação das serpentes é feita através da observação das marcas que estas têm no corpo e na cabeça, pelo tamanho e pela pupila (redonda nos Colubridae e Psammophiidae; vertical nos Viperidae).

Em Portugal há sete espécies de cobras (cobra-de-água-de-colar, cobra-de-água-viperina, cobra-de-capuz, cobra-de-escada, cobra-lisa-meridional ou cobra-lisa-bordalesa, cobra-lisa-europeia e cobra-de-ferradura), uma cobra-africana (cobra-rateira) e duas de víboras (víbora-cornuda e víbora-de-Seoane).

Aqui pode saber como distinguir as espécies perigosas das inofensivas, com a ajuda de Davina Falcão, coordenadora do projeto Cobras de Portugal.

E aqui pode descobrir por que razão as serpentes deitam a língua de fora.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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