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Estamos todos desafiados a ajudar no mapeamento das acácias

11.02.2016

É nesta época, sensivelmente até Maio, que se podem ver as flores amarelas de algumas das mais agressivas plantas invasoras que se encontram em Portugal, as acácias.

 

Como neste momento é mais fácil identificá-las no terreno, o projecto Invasoras.pt decidiu lançar um desafio a todos os cidadãos: anotarem o local e a espécie de todas as acácias que forem encontrando e registar esses dados no site ou através da aplicação Plantas Invasoras (para Android).

A mimosa (Acacia delbata) é uma das mais conhecidas espécies de acácia no país, mas há outras plantas do mesmo género de Norte a Sul. Uma das maneiras mais fáceis de serem identificadas são precisamente as flores amarelas que estão presentes nesta época, de diferentes tons segundo a espécie a que correspondem, descrevem os responsáveis do projecto.

 

Mimosa em flor. Foto: Invasoras.pt
Mimosa em flor. Foto: Invasoras.pt

 

Um dos objectivos do Invasoras.pt é construir um mapa, o mais completo e detalhado possível, com as plantas invasoras em Portugal. Dessa forma, esperam ajudar na investigação científica e na gestão e controlo destas espécies, envolvendo também a sociedade civil.

Quanto às acácias, que chegaram a Portugal vindas quase todas do Sul da Austrália, chegam a formar autênticas manchas de vegetação cerrada onde é impossível a sobrevivência de outras plantas.

“Primeiro, formam frequentemente povoamentos muito densos impedindo o desenvolvimento da vegetação nativa, diminuindo o fluxo das linhas de água e agravando alguns problemas de erosão”, explica Elizabete Marchante, da equipa do Invasoras.pt.

 

Acácia de espigas. Foto: Invasoras.pt
Acácia de espigas. Foto: Invasoras.pt

Mas não só. Ao prejudicarem a vegetação nativa, afectam também todas as espécies que dependem dessas plantas para a sua alimentação. Além do mais produzem folhagem rica em azoto, o que provoca alterações no solo que favorecem a sua multiplicação.

No entanto, também a economia sai prejudicada. “Invadem frequentemente áreas florestais, pelo que diminuem a produtividade e acarretam custos elevados na aplicação de medidas de gestão e controlo”, alerta Elizabete Marchante. Os problemas chegam ainda à saúde pública, uma vez que várias espécies têm pólen que provoca alergias.

Em Portugal, podem encontrar-se acácias de Norte a Sul, dependendo das espécies. No Alentejo e Interior Centro há geralmente menos problemas, mas também se observam nessas regiões.

 

[divider type=”thin”]Agora é a sua vez.

Em Portugal pode encontrar e registar várias espécies de acácias invasoras, que são descritas no âmbito do projecto Invasoras.pt. As mais frequentes são as seguintes:

Mimosa (Acacia dealbata): Mede até 15 metros, com folhas perenes e verdes-acinzentadas e flores amarelo-vivas. Presente em todas as regiões de Portugal Continental e na ilha da Madeira.

Acácia-de-espigas (Acacia longifolia): Arbusto ou pequena árvore perene, com espigas amarelo-vivo e muito encontrada em dunas. Ocorre nas regiões de Trás-os-Montes, Minho, Douro Litoral, Beira Litoral, Estremadura, Ribatejo, Alto Alentejo, Baixo Alentejo, Algarve e no arquipélago da Madeira (ilhas da Madeira e Porto Santo).

Acácia (Acacia saligna): Arbusto ou pequena árvore perene, de folhas verde-azulado e flores reunidas em “bolinhas” amarelo-dourado. Encontra-se na Beira Litoral, Estremadura, Ribatejo, Alto Alentejo, Baixo Alentejo, Algarve), arquipélago dos Açores (ilha de São Miguel) e arquipélago da Madeira (ilha da Madeira).

Austrália (Acacia melanoxylon): Árvore perene, de folhas ligeiramente em forma de foice e flores reunidas em “bolinhas” amarelo-pálido. Encontra-se em todas as regiões de Portugal Continental e também no Açores (ilhas de São Miguel, Santa Maria, Terceira, Graciosa, São Jorge, Pico, Faial, Flores) e Madeira (ilhas da Madeira e de Porto Santo).

 

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Aqui, pode encontrar a descrição de outras espécies e vários conselhos sobre como proceder, no âmbito deste projecto.

Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.

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