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Cinco coisas a saber para distinguir as duas espécies de corvos-marinhos

01.03.2017

Soubemos hoje que a galheta, também conhecida como corvo-marinho-de-crista (Phalacrocorax aristotelis), é a Ave portuguesa do Ano 2017. É natural que esteja mais atento e que a procure. Mas o problema é que em Portugal pode encontrar não uma mas duas espécies de corvos-marinhos. Como saber se a ave que tem à frente é um corvo-marinho-de-faces-brancas ou o mais raro corvo-marinho-de-crista? O trabalho de detective começa aqui.

 

Aqui ficam cinco coisas que o podem ajudar a identificar e distinguir estas duas espécies de corvos-marinhos: corvo-marinho-de-crista (Phalacrocorax aristotelis) e corvo-marinho-de-faces-brancas (Phalacrocorax carbo).

Primeiro, as apresentações:

Galheta:

Foto: Andreas Trepte

 

 

Corvo-marinho-de-faces-brancas:

 

Foto: Charles J. Sharp/Wiki Commons

 

E agora, as cinco coisas a procurar para identificar estas aves.

 

Probabilidades de conseguir ver um corvo-marinho:

Se encontrar um corvo-marinho a voar ou pousado a secar as asas, é mais provável que esteja a olhar para um corvo-marinho-de-faces-brancas. Segundo o livro “Aves de Portugal”, esta é uma espécie frequente ao longo do litoral português. Mas isto só se estivermos entre inícios de Setembro e Março. Esta é uma espécie que vive no Reino Unido e Irlanda e apenas vem passar o Inverno a Portugal.

Já a galheta está em Portugal durante todo o ano, mas é bem mais rara. Segundo o mesmo livro, a população nacional é pequena, estando concentrada nas Berlengas e em alguns sectores da costa sudoeste. Segundo o último censo, de 2002, há em Portugal entre 100 a 150 casais reprodutores. Os melhores locais para a ver são as Berlengas, Cabo da Roca, Cabo Espichel/Arrábida e costa sudoeste.

 

Tamanho:

A ave do ano, a galheta, é mais pequena. Tem 68-78 centímetros de comprimento e uma envergadura de asa de 95-110 centímetros. Já o corvo-marinho-de-faces-brancas tem 77-94 centímetros de comprimento e uma envergadura de asa de 121-149 centímetros.

 

Forma:

A galheta é mais elegante; tem um pescoço e um bico mais finos, a cabeça mais pequena e a fronte alta e arredondada. Em voo mantém o pescoço mais direito e voa a menor altitude, em geral, perto da superfície da água. O corvo-marinho mais comum tem um pescoço mais comprido e grosso.

 

Cor dos adultos:

A galheta tem bico amarelo, penas pretas com reflexos verdes, asas pretas e escamosas com matizes arroxeados. Ao contrário da outra espécie, não tem branco nas penas. Na época de reprodução, entre Janeiro e Julho, tem uma crista preta e revirada na cabeça. O corvo-marinho-de-faces-brancas é negro, com reflexos azulados e verdes. Tem asas pretas e escamosas com matizes cor de bronze e uma área branca junto ao bico. Durante a reprodução, tem uma mancha branca no flanco (perde-a no Verão).

 

Reprodução:

A galheta reproduz-se nas Berlengas, em colónias nas falésias. Nidifica em cavidades, grutas ou pedregulhos e os seus ninhos são um amontoado de vegetação. O corvo-marinho-de-faces-brancas não se reproduz em Portugal. Nas zonas do Norte da Europa onde nidifica procura saliências de falésias costeiras ou árvores junto de lagos ou na costa.

 

[divider type=”thick”]Saiba mais.

Conheça melhor a Ave do Ano portuguesa, a galheta.

[divider type=”thick”]Agora é a sua vez.

Envie-nos as suas fotografias dos corvos-marinhos que encontrar, para [email protected]

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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