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Pela primeira vez, chimpanzé foi observada a cuidar de cria deficiente

12.11.2015

Um grupo de cientistas observou pela primeira vez uma fêmea chimpanzé a cuidar de uma cria com graves deficiências, que sobreviveu até aos 23 meses apenas devido aos cuidados da mãe.

O caso passou-se no Parque Nacional das Montanhas Mahale, na Tanzânia, e foi agora publicado na revista “Primates” por um grupo de investigadores da Universidade de Quioto, no Japão.

XT11, como ficou conhecida, era a sexta cria de Christina, uma fêmea de chimpanzé com 36 anos de idade, explica uma notícia da BBC. Fisicamente, XT11 tinha sintomas semelhantes aos de um chimpazé com Síndrome de Down, que já tinha sido descrito em cativeiro.

Em vez de comer plantas, a cria ficou sempre completamente dependente do leite da mãe,  que por sua vez “respondia aos comportamentos anormais de XT11, às suas capacidades limitadas e às suas necessidades”, indicam os autores do estudo.

A pequena chimpanzé conseguia agarrar-se ao pêlo da mãe, mas não tinha força suficiente para se aguentar de pé nem para se sentar sem apoio. Para cuidar dela, a mãe deixou de caçar formigas nas árvores.

Por vezes, o que espantou também os cientistas, a irmã mais velha de XT11, com 11 anos de idade, dava uma ajuda brincando com a cria e transportando-a. “Enquanto a irmã mais velha tomava conta da criança deficiente, a mãe subia a uma árvore para se alimentar com fruta”, contou à BBC Earth um co-autor do estudo, Michio Nakamura.

Outros chimpanzés do grupo não tinham permissão para segurar na pequena cria ou para tomarem conta dela, mas nunca mostraram receio ou aversão. Os cientistas acreditam que XT11 morreu devido a problemas de nutrição, por se conseguir alimentar apenas com leite.

Até hoje, apenas duas crias de chimpanzé tinham sido observadas com deficiências, ambas em cativeiro e rejeitadas pelas mães, pelo que tiveram de receber cuidados humanos.

Os cuidados recebidos por XT11, incluindo da parte da irmã mais velha, podem lançar pistas novas sobre a forma como os antepassados comuns aos humanos e aos chimpanzés lidavam com a deficiênci

Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.

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