A quitridiomicose está a ser devastadora para as minúsculas rãs-de-darwin-do-sul. Novo projeto assegurou transporte de 53 rãs, incluindo 11 machos que continham girinos no interior dos sacos vocais.
A rã-de-darwin-do-sul (Rhinoderma darwinii) é uma das mais de 500 espécies de anfíbios que estão em grave risco de extinção devido à quitridiomicose, uma doença provocada por um fungo microscópico que tem tido efeitos devastadores para os anfíbios. Portugal, aliás, não ficou alheio a este flagelo.
Nas florestas do Parque Tantauco, no sul do Chile, o fungo quitrídico foi detetado em 2023, levando ao declínio “catastrófico” das populações de rã-de-darwin-do-sul no espaço de um ano, lembra uma notícia publicada esta semana pelo Zoo de Londres.
Em resposta, o zoo britânico lançou um projeto urgente de resgate em outubro de 2024, numa expedição de mais de 11.000 quilómetros realizada em conjunto com parceiros chilenos como a ONG Ranita de Darwin, para assegurar que a espécie tem possibilidades de recuperar. A viagem de regresso das florestas de Tantauco para Londres fez-se de barco, avião e carro, com o transporte de 53 machos da espécie em estado adulto, cada um com peso inferior a duas gramas e menos de três centímetros de comprimento.
Apesar do tamanho minúsculo, 11 destes machos transportavam girinos nos sacos vocais. Os primeiros 33 vivem agora já em estado adulto no zoo londrino, depois de terem saído da boca dos pais.
“Este é um momento chave no nosso trabalho para proteger a rã-de-darwin da impacto devastador do fungo quitrídico”, reagiu o curador dos anfíbios, Ben Tapley, citado na notícia. “A criação pelos progenitores destas rãzinhas é um símbolo poderoso de esperança para a espécie, demonstra o que podemos alcançar quando os conservacionistas trabalham em conjunto, e serve de lembrança crítica do nosso papel enquanto zoo de conservação.”
“Ao trabalharmos com parceiros no Chile, conseguimos salvaguardar estas rãs na sua nova casa no Zoo de Londres, assegurando que esta espécie única tem possibilidades de lutar pela recuperação”, comentou por sua vez Andres Valenzuela-Sanchez, investigador ligado ao Instituto de Zoologia do Zoo de Londres. “Estas rãs não são apenas vitais para o futuro da sua espécie, mas também nos ajudam a compreender melhor como podemos combater o fungo quitrídico e salvaguardar outros anfíbios a nível mundial.”
A jornada de resgate destas rãs, filmada por Paul Glynn nas florestas chilenas num filme intitulado “A Leap of Hope” (“Um Salto de Esperança”, em português), está disponível num pequeno filme no Youtube.
Estas foram as primeiras 33 rãs da espécie a nascer em Londres, mas deverão nascer mais em breve, no âmbito deste projeto com uma duração prevista de 15 anos. Além da Sociedade Zoológica de Londres, dona do zoo londrino, fazem parte desta parceria outras seis entidades, incluindo duas universidades chilenas e o Jardim Zoológico de Leipzig, na Alemanha.
No futuro, os responsáveis do zoo britânico esperam contribuir para a reintrodução destes anfíbios nas florestas de onde são nativos, ajudando ao mesmo tempo a descobrir mais sobre a quitridiomicose.
Saiba mais.
Leia aqui a notícia publicada pelo Zoo de Londres.