Wildlife Photographer of the Year: lago de Inverno vence a escolha do público

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A fotografia de salgueiros cobertos de gelo num lago italiano foi a imagem escolhida pelo público para a edição do Wildlife Photographer of the Year 2021, foi hoje revelado.

Uma paisagem encantada de salgueiros despidos, sentinelas num lago gelado em Itália, venceu a categoria People’s Choice Award 2021 do mais famoso concurso de fotografia de vida selvagem.

Foto: Cristiano Vendramin/Wildlife Photographer of the Year

A fotografia do italiano Cristiano Vendramin, dedicada a um amigo perdido, conquistou os corações de mais de 31.800 pessoas que votaram online para que esta imagem fosse a vencedora de entre uma lista de 25 nomeadas.

Essas 25 fotografias foram escolhidas pelo Museu de História Natural de Londres, de entre as 50.000 imagens vindas de 95 países que estiveram a concurso nesta 57ª edição da competição.

Durante uma visita ao Lago Santa Croce, no Norte de Itália, em 2019, o fotógrafo Cristiano reparou que o nível da água estava invulgarmente elevado, submergindo parcialmente os salgueiros e criando um jogo de luzes e reflexos na superfície da água. Cristiano lembrou-se de um amigo querido, que tanto gostava daquele lugar especial, e que já não estava ali para o admirar.

“Espero que a minha fotografia encoraje as pessoas a compreender que a beleza da natureza pode ser encontrada em qualquer parte à nossa volta e que podemos ficar agradavelmente surpreendidos com as muitas paisagens que existem tão perto de casa”, comentou Cristiano Vendramin, em comunicado enviado à Wilder.

“Acredito que ter uma relação diária com a natureza é algo cada vez mais necessário para termos uma vida serena e saudável”, acrescentou. Para Vendramin, “a fotografia de natureza é importante porque nos lembra desta ligação que devemos preservar e em cuja memória nos podemos refugiar”.

A imagem do lago de Inverno simboliza, para o director do Museu Douglas Gurr, “o impacto positivo que a natureza pode ter no nosso bem estar e na nossa vida”. “Pode providenciar consolo e espaço para reflectirmos sobre o passado e até gerar esperança para o futuro.

“Estes últimos dois anos redefiniram o que verdadeiramente importa na vida, as pessoas e os ambientes que têm um papel crucial nos nossos próprios ecossistemas pessoais. Espero que aqueles que olhem para esta paisagem congelada no tempo se recordem da importância de nos aproximarmos do mundo natural e dos passos que temos todos de dar para o proteger.”

Além da fotografia de Cristiano, o público escolheu ainda quatro imagens que receberam menções honrosas.

São elas:

Shelter from the rain“, de Ashleigh McCord

A imagem captou um momento de ternura entre dois leões machos à chuva. Foto: Ashleigh McCord/Wildlife Photographer of the Year

Hope in a burned plantation“, de Jo-Anne McArthur

Este é um retrato de um canguru e da sua cria, sobreviventes numa floresta devastada pelos incêndios em Mallacoota, na Austrália. Foto: Jo-Anne McArthur/Wildlife Photographer of the Year

The eagle and the bear“, de Jeroen Hoekendijk

Jeroen captou, em Anan, Alasca, um encontro surpreendente entre dois sujeitos pouco prováveis: uma cria de urso-preto a dormitar e uma águia que parece surpreendida. Foto: Jeroen Hoekendijk/Wildlife Photographer of the Year

Dancing in the snow“, de Qiang Guo

Uma representação verdadeiramente mágica de dois faisões dourados na Reserva Natural de Lishan, na província chinesa de Shanxi. Foto: Qiang Guo/Wildlife Photographer of the Year

Os prémios Wildlife Photographer of the Year começaram em 1965, numa iniciativa da revista BBC Wildlife Magazine, que na altura se chamava Animals. Nesse ano 500 fotografias foram a concurso. Desde então, o evento cresceu e, em 1984, o Museu de História Natural de Londres passou a estar envolvido no projecto. O grande objectivo é inspirar as pessoas para apreciarem e conservarem o mundo natural.

No ano passado, a fotografia vencedora da escolha do público foi captada por Robert Irwin, “Bushfire”, captada com um drone, dos incêndios que assolaram a Austrália.


Saiba mais.

Recorde aqui os grandes vencedores desta edição.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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