© Sergey Gorshkov Wildlife Photographer of the Year 2020

Tigre numa floresta mágica vence Wildlife Photographer of the Year

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A imagem de um tigre siberiano, de Sergey Gorshkov, e que demorou 11 meses para captar, venceu a 56ª edição do Wildlife Photographer of the Year 2020.

A fotografia “The embrace” foi a escolhida de entre mais de 49.000 imagens a concurso, vindas de todas as partes do mundo, foi revelado esta noite, 13 de Outubro, pelo Museu de História Natural de Londres, entidade responsável pela iniciativa.

© Sergey Gorshkov, Wildlife Photographer of the Year 2020

Este ano, a cerimónia de atribuição dos prémios continuou a ser no Museu de História Natural de Londres mas não teve nem público nem os fotógrafos vencedores. Por causa da pandemia, o evento, apresentado pelo naturalista britânico Chris Packham, foi transmitido em directo pelas redes sociais por videodifusão (live streaming). 

A fotografia vencedora do grande prémio, “The embrace“, de Sergey Gorshkov, mostra uma fêmea de tigre-siberiano ou tigre-de-Amur (Panthera tigris tigris) abraçada a um abeto-da-Manchúria (Abies holophylla) no Parque Nacional Land of the Leopard, no Extremo Oriente Russo. Está a roçar a cabeça no tronco para deixar as suas secreções.

Estes tigres apenas vivem naquela região do mundo – com um pequeno número de animais a viver na fronteira com a China e possivelmente alguns poucos na Coreia do Norte – e foram precisos 11 meses para o fotógrafo russo captar o momento graças a câmaras de foto-armadilhagem.

“É uma imagem como nenhuma outra”, comentou, em comunicado, Rosamund ‘Roz’ Kidman Cox, escritora e membro do júri. “É um vislumbre de um momento íntimo no âmago de uma floresta mágica. Raios de um Sol de Inverno iluminam um antigo abeto-da-Manchúria e um grande tigre, quando este se agarra ao tronco, inalando o aroma a resina, deixando a sua própria marca como a sua mensagem. É também uma história contada em gloriosas cores e texturas do regresso do tigre-siberiano, um símbolo da vida selvagem russa.”

Os tigres-siberianos foram caçados até à beira da extinção no século passado. Hoje, as suas populações continuam ameaçadas pela caça ilegal e pelo abate das florestas, problemas que também afectam as suas presas, como veados e javalis.

Sergey Gorshkov, fotógrafo de 54 anos e membro fundador da União Russa dos Fotógrafos de Vida Selvagem, sabia que tinha poucas hipóteses de fotografar um tigre-siberiano mas estava determinado em conseguir uma imagem do animal ícone da sua terra natal siberiana. Varreu a floresta à procura de sinais, focando-se nas árvores à beira de trilhos onde os tigres poderiam ter deixado indícios: urina, marcas de garras ou pêlos. Até que colocou a sua primeira câmara de foto-armadilhagem em Janeiro de 2019, em frente a um grande abeto. Mas só em Novembro conseguiu a fotografia que queria.

“A imagem do tigre imerso no seu ambiente natural dá-nos esperança, numa altura em que relatórios recentes sugerem que os seus números estão a aumentar graças a esforços de conservação”, diss Tim Littlewood, director-executivo para a Ciência naquele museu e membro do júri. “Através do poder emotivo único da fotografia, somos lembramos da beleza do mundo natural da nossa responsabilidade partilhada na sua protecção.”

O Wildlife Photographer of the Year foi criado em 1965 pela BBC Wildlife Magazine, então chamada Animals. O Museu de História Natural de Londres juntou-se à iniciativa em 1984 e assim nasceu a competição como a conhecemos. Hoje, a competição é organizada por aquele Museu, que alberga mais de 80 milhões de espécimes em inúmeras colecções científicas e onde trabalham cerca de 300 investigadores.

As imagens vencedoras da edição deste ano estarão em exposição no Museu entre 16 de Outubro de 2020 e 6 de Junho de 2021.

A fase de concurso para a próxima edição do Wildlife Photographer of the Year – na qual podem participar fotógrafos de todas as idades, nacionalidades e competências – começa já a 19 de Outubro e termina a 10 de Dezembro deste ano. A próxima edição terá novas categorias, para chamar a atenção sobre o impacto das pessoas no planeta.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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