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Sete novas espécies de rãs miniatura descobertas no Brasil

05.06.2015

Depois de quase cinco anos de expedições às florestas nublosas do Sul do Brasil, uma equipa de investigadores descobriu sete novas espécies de minúsculas e coloridas rãs, do género Brachycephalus.

 

As sete novas espécies de rãs agora descobertas, nos estados do Paraná e Santa Catarina, pertencem ao género Brachycephalus e estão entre os mais pequenos vertebrados terrestres.

Muitas vezes, os adultos não excedem um centímetro de comprimento, o que levou a uma variedade de alterações na estrutura do animal, como a redução do número de dedos das patas.

Além disso, as espécies deste género são muito coloridas, possivelmente como um aviso à presença de uma neurotoxina muito potente na sua pele, conhecida por tetrodotoxina.

Segundo os autores do estudo, publicado hoje na revista científica PeerJ, as espécies podem ser distinguidas umas das outras por causa da coloração e do nível de rugosidade da pele em diferentes partes do seu corpo.

 

 

O género Brachycephalus, que hoje tem 21 espécies conhecidas, é endémico das florestas nublosas do Sul do Brasil, no cimo de uma ou muito poucas montanhas.

A primeira espécie de Brachycephalus foi descrita em 1842 pelo naturalista alemão Johann Baptist von Spix. Mas mais de metade das espécies actualmente conhecidas deste género só foram descritas nos últimos 15 anos, especialmente por causa da dificuldade de acesso aos locais onde vivem. “Isto sugere que a actual diversidade no género está consideravelmente subestimada”, escrevem os autores no estudo.

Ao longo de uma série de expedições, esta equipa de investigadores conseguiu descobrir sete novas espécies, incluindo a primeira descrita no estado de Santa Catarina. “Apesar de ter sido esgotante chegar a muitos dos locais, sempre tivemos a ansiedade e curiosidade em relação a como seriam as novas espécies”, diz Marcio Pie, professor na Universidade Federal do Paraná, que liderou o projecto.

As populações de espécies de rãs agora descobertas vivem isoladas umas das outras por vales onde não têm condições para sobreviver, formando ilhas no cimo das montanhas.

Estas espécies são especialmente vulneráveis à extinção, especialmente porque aquelas florestas são muito sensíveis às alterações climáticas. Este elevado nível de endemismo é causado pela sua adaptação a um tipo de habitat específico – as florestas nublosas – o que não as deixa migrar através dos vales e promove a formação de novas espécies.

Luiz Ribeiro, um investigador do Instituto de Estudos Ambientais Mater Natura está optimista em relação a estudos futuros. “Isto é apenas o começo, uma vez que encontrámos outras espécies que estão no processo de uma descrição formal.”

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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