Os técnicos do projecto LIFE+ Iberlince resgataram dos campos de Doñana, na Andaluzia, duas crias de lince-ibérico, após sinais de abandono materno, foi revelado na semana passada.
As duas crias, pertencentes à mesma ninhada, foram levadas para o Centro de Criação do Lince-Ibérico de El Acebuche.
Ambas serão filhas de Iris, uma fêmea da população selvagem de Doñana com, pelo menos, 10 anos de idade. Nesta temporada de 2017, Iris teve duas crias num local seguro do seu território. “Suspeitando que estes animais, de apenas seis dias de vida, poderiam encontrar-se abandonados pela mãe (nas três últimas radio-localizações a fêmea foi detetada longe dos seus cachorros), foram verificados em campo por técnicos do projeto Life+Iberlince e do Programa de Criação em Cativeiro e, devolvidos novamente ao seu território”, explica o comunicado do Iberlince.
A partir desse momento foi activado um dispositivo de monitorização contínuo para verificar, a uma distância segura, se a fêmea voltava para perto das suas crias.
“Após 14 horas de espera infrutífera decidiu-se intervir e foram encontradas as crias hipotérmicas e rodeadas de moscas, mas ainda com vida.”
Segundo o Iberlince, “felizmente, a difícil decisão de retirar estas crias do campo foi tomada a tempo e agora encontram-se sãs e salvas no Centro de Criação do Lince-Ibérico de Acebuche”.
Estas duas crias trarão variabilidade genética à população cativa e a futuras reintroduções, salienta o grupo de aconselhamento nesta matéria, do Programa de Criação em Cativeiro do Lince-ibérico.
Actualmente, na região de Doñana-Aljarafe vivem vários núcleos de linces-ibéricos em plena natureza. Esta população “parece ter estabilizado em cerca de 70/75 exemplares”, revela o mais recente censo à população de lince-ibérico. Em 2016 foram registados 74 linces, 24 dos quais fêmeas territoriais e 16 crias.
No total da Península Ibérica existem 483 linces-ibéricos na natureza. A maioria, 397, está nas populações da Andaluzia (Doñana-Aljarafe e Serra Morena: Guadalmellato, Guarrizas e Andújar-Cardeña). Além destes 397 animais, 19 vivem em Portugal, no Vale do Guadiana; 28 em Matachel (Badajoz), 23 em Montes Toledo (Toledo) e 16 na Serra Morena Oriental.