Novo relatório do National Trust toma o pulso ao ambiente no Reino Unido e alerta que as alterações climáticas estão a pôr em risco vida selvagem nativa.
Um clima instável em 2019 levou ao aparecimento de espécies migradoras raras, nomeadamente aves e borboletas.
O tempo mais ameno nos primeiros meses do ano levou ao surgimento de borboletas diurnas e nocturnas e libélulas no Sul e Este do país. Por exemplo, números significativos da borboleta bela-dama (Vanessa cardui) foram registados em massa pela primeira vez numa década.
Mas apesar de espécies diferentes poderem ser um motivo de entusiasmo, estas condições meteorológicas estão a pôr em risco algumas espécies de plantas e de animais nativas, alerta o National Trust num novo relatório divulgado hoje.
O último ano foi bom para libélulas, algumas flores silvestres – especialmente orquídeas – e focas-cinzentas nativas, por exemplo. Estas últimas registaram um aumento populacional nas zonas costeiras britânicas.
Mas as condições meteorológicas erráticas foram um desafio para inúmeras espécies residentes nas ilhas britânicas, desde os papagaios-do-mar e rãs aos ratos-de-água e às andorinhas-do-mar.
Chuvas especialmente fortes em Junho, Julho e Setembro afectaram os ratos-de-água na região de Yorkshire Dales, especialmente as crias que ainda não aprenderam a nadar.
Outras espécies prejudicadas pelas chuvas de Junho foram as andorinhas-do-mar e papagaios-do-mar que ocorrem nas ilhas Farne, em Northumberland.
“Avistamentos de insectos e aves migradoras estão a tornar-se cada vez mais comuns”, disse Ben McCarthy, coordenador de conservação da natureza no National Trust ao jornal The Guardian. “Isto é um resultado das alterações climáticas. Apesar de parecer entusiasmante, o outro lado da moeda é a forma como estas alterações vão começar a afectar algumas das nossas espécies nativas que já estão a sofrer pressões da agricultura intensiva e da fragmentação dos habitats”, acrescentou.
As espécies mais móveis terão capacidade para fugir às condições menos favoráveis. Mas ainda assim terão de conseguir encontrar zonas habitáveis noutro lugar. A maior ameaça, segundo Ben McCarthy, é para as espécies menos móveis e aquelas que são especialistas.
O especialista sublinhou que este relatório sublinha a importância de proteger habitats cruciais e criar novas áreas protegidas. “Se a nossa vida selvagem não tiver para onde ir quando as temperaturas subirem e o clima mudar, então nos próximos anos veremos, inevitavelmente, cada vez mais espécies em risco de se extinguirem.”