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Regresso do abutre-preto ao Alentejo apontado como um dos acontecimentos do ano

31.12.2015

A Fauna & Flora International (FFI), uma organização internacional que é parceira da Liga para a Protecção da Natureza, destaca o regresso da nidificação de abutres-pretos no Alentejo, após 40 anos de ausência, como um dos grandes acontecimentos do ano que agora termina.

 

A FFI, que trabalha para a conservação da biodiversidade a nível mundial, fez um balanço dos principais acontecimentos de 2015 e lembra que nos primeiros meses do ano foram avistados dois casais nidificantes de abutres-pretos em ninhos artificiais colocados pela LPN no Alentejo, para ajudar à recolonização da espécie, tal como a Wilder noticiou na altura.

Mais tarde, num desses ninhos artificiais instalados na Herdade da Contenda – uma propriedade com 5300 hectares no município de Moura – os técnicos da LPN detectaram que tinha nascido uma cria de um destes casais.

O abutre-preto é uma das maiores espécies de rapina do mundo: a envergadura que atinge, quando tem as asas abertas, pode chegar quase aos três metros. Em Portugal, calcula-se que existem apenas três núcleos reprodutores: além dos dois casais avistados em Moura, este ano, estão ainda registados 12 casais no Tejo Internacional e um casal no Douro Internacional. A espécie está classificada como Criticamente em Perigo de extinção.

 

Cria de abutre-preto na Herdade da Contenda. Foto: LPN
Cria de abutre-preto na Herdade da Contenda. Foto: LPN

 

Mas para além do regresso do abutre-preto ao Sul de Portugal, a FFI destaca ainda outros acontecimentos de 2015. Entre estes, estão a descoberta de uma nova espécie de macaco titi no Brasil, em Março. O novo macaco, que tem uma cauda de cor laranja vivo, foi baptizado de macaco titi de Milton (em honra do primatólogo Milton Thiago de Mello).

Já no início do ano, os cientistas tinham anunciado a descoberta de uma nova espécie de anfíbio sem pernas no Cambodja, que mostra que naquele país “muita da biodiversidade permanece um mistério”. Foi também no começo de 2015 que um estudo da Universidade de York, financiado pela FFI, “mostrou como uma reserva marinha liderada pela comunidade, na Escócia, tem estado a beneficiar as populações de vieiras”.

Mas nem tudo foram boas notícias. Em Maio, a morte de um guarda ranger, Agoyo Mbikoyo, às mãos de um grupo de caçadores furtivos armados, quando estava de serviço no Parque Nacional de Garamba, na República Democrática do Congo, mostrou que esta é uma crise que prejudica não só a natureza mas também as populações humanas da região.

Bem mais animador, como lembra ainda a FFI, foi o anúncio feito em Junho, por um grupo de grandes cadeias de retalho britânicas, de que vão retirar os microesferas de plástico das marcas próprias de produtos de beleza e de cosméticos. Estas partículas, feitas de polietileno, são apontadas hoje em dia como uma das grandes ameaças à vida selvagem marinha.

Outras notícias importantes em 2015, salientadas pela organização internacional: a descoberta de provas de que o gato-pescador (Prionailurus viverrinus) subiste ainda nalgumas zonas do Cambodja – importantes para a conservação deste felino Criticamente em Perigo – e o lançamento de um novo censo da população de gorilas de montanha no maciço montanhoso de Virunga, localizado na fronteira entre a República Democrática do Congo, o Ruanda e o Uganda. “Os resultados serão vitais para guiar os esforços de conservação deste grande primata, nesta região transfronteiriça”, sublinha a FFI.

 

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Se quiser ler o comunicado da Fauna & Flora International, pode consultá-lo aqui.

 

 

 

 

 

Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.

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