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Lince-ibérico. Foto: Programa de Conservação Ex-Situ do Lince-Ibérico

Recapturado o último lince-ibérico em falta após fogo em Acebuche

24.07.2017

Fran, um macho adulto, foi recapturado na passada quarta-feira e já está no centro de reprodução de lince-ibérico de El Acebuche, na Andaluzia, um mês depois do incêndio que obrigou à evacuação daquele centro.

 

O lince foi localizado na quarta-feira de manhã por técnicos do projecto LIFE+Iberlince que, há várias semanas, seguiam vestígios do felino.

Com a ajuda da equipa de El Acebuche, “procedeu-se à instalação de um dispositivo de captura, que permitiu capturar o animal em apenas poucos minutos”, segundo um comunicado do Iberlince.

Neste momento, a equipa do centro está a avaliar o estado físico de Fran, depois de um mês a viver em liberdade.

A 25 de Junho, perante a ameaça das chamas que se aproximavam do centro de El Acebuche, foi accionado o protocolo de evacuação estabelecido em caso de incêndio. “No tempo em que foi possível trabalhar antes de abandonar definitivamente o centro de reprodução foi possível retirar nove animais adultos (cinco machos e quatro fêmeas) e cinco crias”, explicou, então, a equipa do centro. Entre estes animais, a fêmea Homer morreu, provavelmente devido ao stress sofrido durante a captura e o transporte.

Para trás ficaram 13 animais adultos por não ter havido mais tempo. Segundo o protocolo, as portas dos cercados foram deixadas abertas para puderem escapar no caso de o incêndio chegar às instalações.No dia seguinte, os animais retirados do centro foram devolvidos aos cercados. E dos 13 linces que tinham ficado, apenas dois estavam desaparecidos: Aura e Fran. Aura foi recapturada três dias depois e agora foi a vez de Fran.

O lince-ibérico é uma espécie classificada desde 22 de Junho de 2015 como Em Perigo de extinção, depois de anos na categoria mais elevada atribuída pela União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), Criticamente em Perigo.

No total da Península Ibérica existem 483 linces-ibéricos na natureza. A maioria, 397, está nas populações da Andaluzia (Doñana-Aljarafe e Serra Morena: Guadalmellato, Guarrizas e Andújar-Cardeña). Além destes 397 animais, 19 vivem em Portugal, no Vale do Guadiana; 28 em Matachel (Badajoz), 23 em Montes Toledo (Toledo) e 16 na Serra Morena Oriental.

Hoje, o Iberlince avançou que a 22 de Julho foi encontrado o cadáver de um macho de lince-ibérico, “rádio-marcado, possivelmente atropelado”, no término municipal de Valdepeñas (Andaluzia). “O Projeto Iberlince volta a solicitar a máxima colaboração por parte dos condutores por forma a minimizar a principal causa de morte não natural da espécie, bem como contribuir para a segurança dos mesmos.”

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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