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População de ursos na Cantábria tem 64 novas crias

21.08.2017

Os dois núcleos populacionais de urso-pardo (Ursus arctos) que vivem na Cordilheira Cantábrica têm 40 fêmeas e 64 crias, segundo os dados do censo de 2016 apresentados na sexta-feira passada em Valladolid.

 

“A consolidação é clara”, comentou José Ángel Arranz, director-geral do Meio Natural na Junta de Castela e Leão, na conferência de imprensa de apresentação dos resultados do censo, citado pela agência espanhola de notícias EFE. Arranz salientou que em 1994 estavam registadas apenas três fêmeas e seis crias na Cordilheira Cantábrica, números que evoluíram até às 40 fêmeas e 67 crias de 2016.

A maior população é a ocidental, com 34 fêmeas e 57 crias. Esta população está organizada em dois núcleos, um com 29 fêmeas e 50 crias nas Astúrias e outro com cinco fêmeas e sete crias em Castela-Leão, segundo um comunicado da Fundación Oso Pardo. A outra população oriental tem seis fêmeas e 10 crias.

 

Ursa com cria numa área protegida das Astúrias

 

Estes dados resultam do censo que é feito todos os anos ao número de fêmeas e de crias nas Astúrias, Castela e Leão e Cantábria.

“Os dados reforçam a tendência positiva, igualando o número de fêmeas do ano anterior que foi o mais elevado desde que se iniciou o censo em 1989”, comenta aquela fundação em comunicado.

No núcleo oriental, onde vive a população mais ameaçada da Cordilheira Cantábrica, foi registada mais uma cria do que em 2015. Este núcleo “esteve prestes a desaparecer e agora está a estabilizar. Por isso podemos estar moderadamente optimistas”, disse Antonio Lucio, director-geral do Meio Natural da Cantábria, citado pela EFE.

Todos os anos, equipas técnicas das comunidades autonómicas, da Fundación Oso Pardo, de outras entidades conservacionistas e voluntários saem para o campo à procura de indícios e recolhem vídeos e fotografias para saber quantas fêmeas e quantas crias vivem na região.

Em 2016, os maiores núcleos populacionais estavam nas Astúrias (com 29 ursas e 50 crias), Castela e Leão (nove ursas e 14 crias) e Cantábria (duas ursas e três crias).

No total, a população de urso-pardo da Cordilheira Cantábrica varia entre os 260 e os 270 animais. Os últimos censos revelam que não só aumentou o número de ursos como também a sua área de dispersão. “No censo de 2014 foram avistadas fêmeas com crias em Sograndio, a apenas sete quilómetros do centro de Oviedo”, disse Manuel Calvo, director de Recursos Naturais do Principado das Astúrias, citado pela mesma agência.

Em Março deste ano, as Astúrias organizaram as jornadas “Convivendo com Ursos” para tranquilizar a população das zonas rurais onde os ursos foram observados.

O urso-pardo foi declarada espécie Em Perigo de extinção em Espanha em 1989. Hoje distribui-se por quatro comunidades autonómicas – Principado das Astúrias, Cantábria, Castela e Leão e Galiza – em duas populações diferenciadas. Segundo a Fundação Urso das Astúrias, estes dois núcleos estão separados geograficamente por 50 quilómetros, mas sabe-se que há um reduzido intercâmbio de exemplares. “A consolidação deste corredor interpopulacional que facilite a ligação de ambas as populações é considerada vital para a conservação da espécie”, conclui esta fundação.

 

[divider type=”thick”]Saiba mais sobre o urso-pardo.

O urso-pardo mede entre metro e meio e dois metros. Os machos podem pesar entre 80 e 240 quilos e as fêmeas entre 65 e 170 quilos.

A população mundial de urso-pardo está estimada em cerca de 200.000 animais. A Rússia tem as maiores populações (estimadas em 120.000 ursos), seguida dos Estados Unidos (32.200, dos quais 31.000 no Alasca) e Canadá (25.000). Há ainda ursos na China e no Japão.

Na Europa, excluindo a Rússia, calcula-se que existam cerca de 14.000 ursos. No Sul da Europa, esta é uma espécie Em Perigo de extinção, com populações pequenas na Grécia, Cordilheira Cantábrica, Abruzzo, Trentino e Pirinéus.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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