Novo estudo descobriu microplásticos nestes pequenos crustáceos e também em salpas, um invertebrado gelatinoso. Cerca de 60% dos organismos investigados continham partículas de nylon.
Os resultados da investigação coordenada pelo British Antarctic Survey (BAS), publicados esta quarta-feira na revista científica Royal Society Open Science, são uma prova de que o ‘krill’, tal como outro zooplâncton, ingere plástico no seu meio ambiente. A equipa de quatro investigadores acredita que estes minúsculos organismos confundem as pequeníssimas partículas de plástico, todas com menos de meio centímetro, com a comida de que normalmente se alimentam. Estes crustáceos são animais filtradores, que comem as microalgas do fitoplâncton e outros organismos microscópicos.
Tanto o krill como as salpas são duas espécies muito abundantes no Oceano Antártico, onde “são críticas para a dieta da maioria da vida marinha”, afirma em comunicado o British Antarctic Survey. Enquanto que o krill é o alimento principal para baleias, pinguins e focas, as salpas são comidas por alguns peixes e algumas grandes aves marinhas.
Os organismos que foram investigados para este trabalho tinham sido recolhidos durante duas missões de pesquisa na ponta norte da Península Antártica e na ilha de São Jorge, realizadas em 2016 e 2018.
Entre os microplásticos extraídos pelos cientistas, os mais comuns foram as microfibras, sendo que uma das fontes principais são as minúsculas partículas de plástico que se desprendem da roupa durante a lavagem e a secagem na máquina. Mais tarde, acabam por ir parar ao oceano. Cerca de 60% do krill e das salpas continham nylon, um produto derivado do plástico muito utilizado em roupas, artes de pesca, cordas e nalguns pneus de carros.
“As evidências de consumo de microplásticos em duas espécies muito abundantes do Oceano Antártico é preocupante”, comentou a coordenadora da investigação, Laura Wilkie Johnston, bióloga marinha no BAS. “Ambas as espécies são uma parte integrante do ecossistema do Oceano Antártico e não compreendemos ainda totalmenhte os impactos que os microplásticos vão ter neste ambiente.”
Segundo o BAS, é muito provável que haja transferência destas minúsculas partículas de plástico, tanto do krill como das salpas, para predadores maiores como as baleias, as focas e os pinguins. Teme-se que a presença destas micropartículas afecte também o papel do Oceano Antártico como um dos maiores sumidouros de carbono na Terra. Isto porque o zooplâncton contribui para a transferência do dióxido de carbono que está presente na atmosfera para o fundo do mar.