Há cerca de dois anos soubemos que o lince-ibérico tinha regressado a Castelo Branco. Este único animal na região voltou a ver visto este Março e confirma-se que continua no distrito. Veja aqui as imagens captadas por uma câmara de foto-armadilhagem instalada pelo Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF).
Chama-se Maguilla a fêmea de lince-ibérico (Lynx pardinus) que se instalou em Castelo Branco há mais de dois anos e que chegou a estar desaparecida de 2017 a 2021.
Agora foi detectada novamente em actividade nocturna em Alcains, no concelho de Castelo Branco, no âmbito das acções de acompanhamento dos exemplares de lince-ibérico em território nacional.
Segundo o ICNF, as imagens datam de 25 de Março e foram recolhidas por uma câmara de armadilhagem fotográfica do instituto instalada num ponto estratégico, pré-definido em articulação entre técnicos e vigilantes da Natureza das Direções Regionais da Conservação da Natureza e Florestas do Alentejo e do Centro, para efetuar o seguimento deste exemplar, que já tinha sido anteriormente avistado e fotografado.
Maguilla é uma fêmea de lince-ibérico que nasceu no Centro Nacional de Reprodução do Lince-ibérico (CNRLI) em Silves, em 2015, e que foi libertada em Matachel, na Extremadura, em Espanha, em 2016.
Não se sabia do seu paradeiro desde 2017, por ter perdido o colar de seguimento com radiotransmissor. Maguilla encontra-se sozinha nesta zona pelo menos desde 2019, ano em que foi detetada com registos fotográficos suficientemente detalhados, que permitiram a sua identificação.
Em Maio de 2022, Samuel Infante, coordenador do CERAS – Centro de Estudos e Recuperação de Animais Selvagens e ligado à Quercus, revelou à Wilder que tinha sido detectado um lince em Castelo Branco, depois de 30 anos praticamente sem sinais na região. Através de fotografias de um lince captadas na zona de Castelo Branco, as autoridades identificaram então a presença de uma fêmea que estava dada como desaparecida: Maguilla.
Agora, Maguilla foi detectada por uma câmara de vídeo do ICNF.
“Tudo leva a crer que esta fêmea deverá ter estabelecido um território na zona de Alcains, no qual existirá alimento suficiente e habitat adequado”, segundo um comunicado do ICNF enviado hoje à Wilder.
“Sendo uma área pequena, a zona em causa possui uma densidade elevada de coelho-bravo, presa preferencial do lince-ibérico. Apresenta também formações graníticas que podem ser usadas como refúgio ou abrigo.”
Ainda assim, os especialistas que no ICNF trabalham há décadas na recuperação do lince-ibérico em Portugal não acalentam muitas esperanças que este território em concreto venha, no curto prazo, a ter condições de acolher uma subpopulação viável.