Os dados da monitorização de 2021 foram revelados esta segunda-feira pelo Instituto para a Conservação da Natureza e das Florestas e poderão ainda ser revistos em alta, “dada a vasta área agora ocupada pela espécie”.
Além dos 70 linces-ibéricos cujo nascimento foi registado no ano passado – mais 10 do que no ano anterior – os dados recolhidos apontam também para a existência de 24 fêmeas reprodutoras. Em 2020 tinham sido menos seis, num total de 18.
“Sete anos após o início do processo de reintrodução, são agora referenciados cerca de 200 linces distribuídos por um vasto território que se estende entre os concelhos de Serpa e de Tavira”, indica o Instituto para a Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), que nota que “um dos aspectos mais relevantes de 2021 foi a consolidação da população em território algarvio”.
Assim, na região do Algarve, residem actualmente cerca de 20 linces-ibéricos e já ocorreram nove nascimentos, mas existe ainda “um amplo território que poderá vir a ser ocupado pela espécie”, sublinha a entidade que tutela a conservação da natureza.
Em Setembro de 2020 arrancou o quarto projecto LIFE dedicado à conservação desta espécie Em Perigo de Extinção, o LIFE Lynxconnect – “Criando uma metapopulação de lince-ibérico (Lynx pardinus) genética e demograficamente funcional”. No âmbito deste projecto, está prevista a criação de pelo menos uma nova área de reintrodução dos linces.
Durante os próximos anos, deverão ser também desenvolvidas iniciativas “para reforçar a ligação entre as várias populações de linces e valorizar o ecossistema mediterrânico, melhorando a qualidade do habitat e a abundância de presas”.
Em Portugal, o lince-ibérico foi até 2015 uma espécie Criticamente Em Perigo de extinção. Em território nacional, este mamífero chegou a viver numa situação de “pré-extinção”, da qual recuperou graças à tomada de medidas nos últimos anos, que permitiram a estabilização de uma população no Vale do Guadiana.
O resgatar desta espécie do caminho para a extinção foi possível devido a um “esforço ibérico”, afirma o instituto, que refere a contribuição de “associações de caçadores, agricultores, proprietários, ONGs, autarquias e entidades governamentais”. Em Espanha, existem hoje pelo menos cinco populações de lince.