O Biobanco Azul Português, que reúne 83 instituições, quer centralizar a “informação sobre a biodiversidade marinha num só local e incentivar a conservação da biodiversidade marinha”, através de uma valorização económica sustentável, foi hoje revelado.
O Biobanco Azul Português (BAP) quer “criar uma plataforma digital que permita agilizar o acesso sustentável e regulamentado à biodiversidade marinha portuguesa”, explicou, em comunicado divulgado hoje, o Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental da Universidade do Porto (CIIMAR-UP), entidade que coordena o projecto.
Este Biobanco é um dos 10 eixos do Pacto da Bioeconomia Azul, estratégia para fortalecer e reindustrializar as indústrias portuguesas associadas à exploração dos recursos marinhos, aumentando o conhecimento e preservação destes biorecursos.
Para isso, as 83 instituições nacionais em consórcio comprometem-se na integração de soluções de biotecnologia azul nas cadeias de valor nacionais, potenciando a utilização sustentável dos biorrecursos marinhos para aumentar o valor acrescentado através da inovação neutra em carbono.
O Biobanco Azul Português pretende criar uma rede nacional de biobancos. Esta rede “permitirá otimizar o acesso aos biorecursos de diferentes tipologias que passam pelas coleções vivas de organismos, amostras preservadas, material genético ou extratos”, segundo o CIIMAR.
O trabalho vai passar pela criação de novas bases de dados e materiais nas instituições participantes mas também organizar as coleções já existentes, “agilizando a sua certificação e implementando um sistema de acesso, catalogação e de gestão de qualidade”.
Por exemplo, o Biobanco do CCMAR (Centro de Ciências do Mar), da Universidade do Algarve, irá integrar microrganismos marinhos e macroalgas e o CIIMAR contribuirá com três coleções: a coleção LEGE_CC, uma nova coleção de microrganismos marinhos, a CM2C – CIIMAR Microbial Culture Collection e uma coleção de esponjas e cnidários que incluem espécimes de mar profundo.
O objectivo é centralizar a “informação sobre a biodiversidade marinha num só local e incentivar a conservação da biodiversidade marinha, promovendo a conformidade com as regulamentações de Acesso e Compartilhamento de Benefícios (ABS) derivadas do Protocolo de Nagoya”, explicou Vítor Vasconcelos, presidente da direção do CIIMAR e coordenador do BAP.
Numa fase inicial, o BAP integrará coleções de bactérias, fungos, micro e macroalgas, invertebrados marinhos, parasitas de peixes e moluscos, sémen e ovos de peixes de interesse comercial.
Além do CIIMAR, fazem parte deste consórcio de 83 instituições nacionais a Universidade Nova de Lisboa, o Instituto Português do Mar e da Atmosfera, o Instituto Gulbenkian de Ciência, a Universidade de Aveiro, o Instituto Superior Técnico, o Centro de Ciências do Mar da Universidade do Algarve e dois laboratórios colaborativos, o S2Aqua e o GreenColab.
Segundo o CIIMAR, “pretende-se uma infraestrutura dedicada e digitalizada em mapeamento e acesso, permitindo o controlo das suas utilizações e distribuição para exploração tanto comercial como científica. As aplicações são abrangentes e remetem para áreas como a alimentação humana e animal, a saúde, os biomateriais e biocombustíveis e o restauro e remediação dos ecossistemas”.
O projeto começou com a reunião oficial de lançamento decorrida a 21 de Abril e pretende-se estar implementado até ao fim de 2025, contando com financiamento do Plano de Recuperação e Resiliência.