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Lince-ibérico. Foto: Programa de Conservação Ex-Situ

Libertados dois linces no Vale do Guadiana

18.02.2019

Dois linces-ibéricos (Lynx pardinus), Pirata e Piperita, foram libertados neste sábado no Vale do Guadiana, no âmbito do processo de reintrodução desta espécie Em Perigo de extinção.

 

Segundo uma nota do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), Pirata e Piperita são dois irmãos que nasceram em Espanha, mais concretamente no Centro de Reprodução em cativeiro El Acebuche (em Doñana, Andaluzia).

 

Solta de Pirata e Puntilla. Foto: ICNF

 

Ambos nasceram na Primavera de 2018. Agora foram libertados no conselho de Mértola, perante o olhar de vários técnicos e residentes na região.

Estes são apenas dois dos linces que já começaram a ser reintroduzidos na natureza, em Portugal e Espanha, em 2019.

As reintroduções de linces na natureza, vindos da rede dos centros de reprodução em Portugal e Espanha, começaram no nosso país em 2015. No ano passado nasceram 29 crias na natureza em Portugal.

Enquanto isso, no Centro Nacional de Reprodução do Lince-ibérico (CNRLI), em Silves, – recuperado dos incêndios de Monchique de Agosto de 2018 – já foram formados seis casais e o período de cópulas já vai avançado.

“Dadas as circunstâncias extraordinárias causadas pelo incêndio de Monchique no CNRLI e o potencial impacto da evacuação no bem-estar dos linces-ibéricos aí albergados, não será de esperar que todas as fêmeas fiquem gestantes apesar de apresentarem comportamento reprodutivo”, escreve o ICNF.

O fogo que atingiu o CNRLI obrigou à transferência de 29 linces para centros de reprodução em Espanha. Os animais começaram a regressar a Silves no início de Dezembro.

Ainda assim, acrescenta, “é muito animador e recompensador que os linces-ibéricos estejam maioritariamente a voltar à normalidade. É também testemunho do fantástico trabalho realizado pelos centros de cria em Espanha com os linces do CNRLI enquanto estes aí se encontraram”.

 

Fêmea e crias no CNRLI. Foto: Joana Bourgard/Wilder (arquivo)

O projecto de conservação do lince-ibérico, o LIFE Iberlince (2011 – 2018) terminou em Dezembro passado. Portugal e Espanha já foi apresentaram à União Europeia a candidatura ao novo programa LIFE, “que permitirá consolidar os objectivos da reintrodução e da presença de lince como espécie de topo e peça de equilíbrio dos ecossistemas mediterrâneos”, segundo o ICNF.

O lince-ibérico tem tido uma história atribulada. No século XIX a população mundial da espécie estava estimada em cerca de 100.000 animais, distribuídos por Portugal e Espanha. Mas no início do século XXI restavam menos de 100. Então, os dois países juntaram-se para recuperar habitats e reproduzir animais.

Actualmente, a população mundial de lince-ibérico está estimada em 589 animais (448 dos quais na Andaluzia), de acordo com os dados do censo de 2017. O censo de 2018 está neste momento em curso. Mas, de acordo com os dados provisórios fornecidos à EuropaPress pelo Ministério espanhol para a Transição Ecológica, em 2018 terão nascido 125 linces; o número total de linces deverá subir até aos 650 indivíduos.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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