Dois linces-ibéricos (Lynx pardinus), Pirata e Piperita, foram libertados neste sábado no Vale do Guadiana, no âmbito do processo de reintrodução desta espécie Em Perigo de extinção.
Segundo uma nota do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), Pirata e Piperita são dois irmãos que nasceram em Espanha, mais concretamente no Centro de Reprodução em cativeiro El Acebuche (em Doñana, Andaluzia).
Ambos nasceram na Primavera de 2018. Agora foram libertados no conselho de Mértola, perante o olhar de vários técnicos e residentes na região.
Estes são apenas dois dos linces que já começaram a ser reintroduzidos na natureza, em Portugal e Espanha, em 2019.
As reintroduções de linces na natureza, vindos da rede dos centros de reprodução em Portugal e Espanha, começaram no nosso país em 2015. No ano passado nasceram 29 crias na natureza em Portugal.
Enquanto isso, no Centro Nacional de Reprodução do Lince-ibérico (CNRLI), em Silves, – recuperado dos incêndios de Monchique de Agosto de 2018 – já foram formados seis casais e o período de cópulas já vai avançado.
“Dadas as circunstâncias extraordinárias causadas pelo incêndio de Monchique no CNRLI e o potencial impacto da evacuação no bem-estar dos linces-ibéricos aí albergados, não será de esperar que todas as fêmeas fiquem gestantes apesar de apresentarem comportamento reprodutivo”, escreve o ICNF.
O fogo que atingiu o CNRLI obrigou à transferência de 29 linces para centros de reprodução em Espanha. Os animais começaram a regressar a Silves no início de Dezembro.
Ainda assim, acrescenta, “é muito animador e recompensador que os linces-ibéricos estejam maioritariamente a voltar à normalidade. É também testemunho do fantástico trabalho realizado pelos centros de cria em Espanha com os linces do CNRLI enquanto estes aí se encontraram”.
O projecto de conservação do lince-ibérico, o LIFE Iberlince (2011 – 2018) terminou em Dezembro passado. Portugal e Espanha já foi apresentaram à União Europeia a candidatura ao novo programa LIFE, “que permitirá consolidar os objectivos da reintrodução e da presença de lince como espécie de topo e peça de equilíbrio dos ecossistemas mediterrâneos”, segundo o ICNF.
O lince-ibérico tem tido uma história atribulada. No século XIX a população mundial da espécie estava estimada em cerca de 100.000 animais, distribuídos por Portugal e Espanha. Mas no início do século XXI restavam menos de 100. Então, os dois países juntaram-se para recuperar habitats e reproduzir animais.
Actualmente, a população mundial de lince-ibérico está estimada em 589 animais (448 dos quais na Andaluzia), de acordo com os dados do censo de 2017. O censo de 2018 está neste momento em curso. Mas, de acordo com os dados provisórios fornecidos à EuropaPress pelo Ministério espanhol para a Transição Ecológica, em 2018 terão nascido 125 linces; o número total de linces deverá subir até aos 650 indivíduos.