As primeiras ninhadas de linces-ibéricos de 2018 nascidos na natureza acabam de ser confirmadas. Três fêmeas desta espécie Em Perigo de extinção tiveram quatro crias cada uma, anunciou hoje o Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF).
O esforço conservacionista para trazer de volta este felino das barbas a Portugal continua a dar frutos. Depois de em 2016 e 2017 terem nascido no Vale do Guadiana (Baixo Alentejo) 16 crias, este ano já há confirmação de 12 crias nesta que é a única população portuguesa de lince-ibérico (Lynx pardinus) em estado selvagem.
Estes animais, que hoje terão dois meses de idade, juntam-se agora a uma população estimada em 41 linces. Destes, 27 foram reintroduzidos ao longo dos últimos quatro anos.
Para já, as câmaras de foto-armadilhagem instaladas na área de reintrodução de linces do Vale do Guadiana e a equipa de seguimento no terreno permitiram confirmar as ninhadas de três fêmeas.
Segundo um comunicado do ICNF, Mirandilla teve quatro crias, muito provavelmente com o macho Navarro. Este lince foi dos primeiros a nascer em liberdade, em 2016. “Confirmando-se esta paternidade, será o primeiro caso de reprodução de um lince já nascido no Vale do Guadiana e estaremos assim em presença de uma segunda geração da espécie, nascida no campo, em território português”, destaca o ICNF.
Além de Mirandilla, também Malva teve quatro crias, “com aspeto robusto e saudável”. A paternidade desta ninhada deve pertencer a Mundo, um macho oriundo da área de Doñana, na Andaluzia, “garantindo-se assim um fluxo genético entre a população de linces de Doñana e a do Vale do Guadiana”.
As outras quatro crias são de Jacarandá, uma fêmea de seis anos e a primeira a estabilizar território no concelho de Mértola. Juntamente com o macho Katmandú, estes foram os primeiros linces libertados em Portugal, inaugurando o esforço de reintrodução da espécie no nosso país a 16 de Dezembro de 2014.
Jacarandá é um lince histórico também por outra razão. Em Maio de 2016, soubemos que esta fêmea deu à luz as primeiras crias de lince confirmadas na natureza nos últimos 40 anos.
Mas este ano ainda poderão haver mais surpresas. Segundo o ICNF “espera-se ainda a confirmação de que mais 5 fêmeas possam ter-se reproduzido com sucesso e que o número de crias venha a atingir os 20 animais”.
A reintrodução de lince-ibérico em Portugal está enquadrada no projeto transnacional LIFE Iberlince (LIFE+10/NAT/ES/000570), o qual pretende estabelecer populações estáveis e viáveis da espécie na Península Ibérica.
O lince-ibérico é um dos felinos selvagens mais ameaçados do mundo, um dos predadores carismáticos. É uma espécie classificada desde 22 de Junho de 2015 como Em Perigo de extinção, depois de anos na categoria mais elevada atribuída pela União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), Criticamente em Perigo.
Actualmente a população mundial de lince-ibérico está estimada em 547 animais. Destes, 448 vivem na Andaluzia. E mais de 40 em Portugal. Por esta altura, há pelo menos 12 crias de lince a explorar os campos do Alentejo.
[divider type=”thick”]Agora é a sua vez. Saiba o que fazer quando vir um lince.
Ver linces-ibéricos em Portugal já não é assim tão impossível. É preciso estar preparado. Saiba que há mais hipóteses de os encontrar durante os períodos crepusculares (ao amanhecer e ao anoitecer), já que é quando os animais estão mais activos.
Se vir um lince deve ter atenção à cor da coleira, já que cada animal reintroduzido traz uma coleira emissora de cor diferente. Depois, o Parque Natural do Vale do Guadiana agradece o seu contacto para:
Telefone: 286.612.016
Email: [email protected]
E também pode votar nos nomes das crias que nascem no Vale do Guadiana.