Uma equipa liderada por cientistas do BIOPOLIS-CIBIO encontrou esta nova osga-trepadora no planalto centro-sul da ilha de Madagáscar, em África.
A descoberta da nova espécie de osga foi anunciada esta sexta-feira num estudo publicado pela revista científica ZooKeys, liderado por investigadores do Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos (BIOPOLIS-CIBIO) da Universidade do Porto.
A nova osga agora descrita para a ciência pertence ao género Paroedura. Este réptil foi encontrado “em zonas rochosas rodeadas por pequenas áreas florestais da Reserva de Anja e de Tsaranoro, no planalto centro-sul de Madagáscar”, numa zona que é igualmente “muito conhecida dos escaladores pelas suas enormes cúpulas graníticas”, avança uma nota de imprensa divulgada pelo BIOPOLIS-CIBIO.
Devido à sua preferência por zonas rochosas, a equipa baptizou esta nova espécie com o nome científico Paroedura manongavato, resultante das palavras malagasy “manonga” (trepar) e “vato” (rocha). Trata-se de uma espécie que é especialista em deslocar-se neste tipo de habitat.
“A descrição desta espécie representa mais um passo no crux (na gíria da escalada, a secção mais difícil de uma via) da resolução taxonómica deste género de osgas, que atinge um total de 25 espécies descritas, todas vivendo exclusivamente em Madagáscar e Comores”, referiu Costanza Piccoli, primeira autora do estudo e estudante de doutoramento do BIOPOLIS-CIBIO.
As análises morfológicas e genéticas realizadas pelos investigadores indicam que a osga Paroedura manongavato só se encontra nas duas manchas florestais isoladas onde já foi detectada, na Reserva de Anja e na Reserva de Tsaranoro. Estes dois locais distam entre si cerca de 25 quilómetros e têm uma “morfologia peculiar” – descreve o CIBIO – “com enormes blocos graníticos junto a falésias rochosas e rodeados de vegetação”.
Assim, a sobrevivência futura desta osga, considerada uma espécie microendémica por se encontrar apenas numa uma área de distribuição muito estreita, depende da preservação destas pequenas manchas florestais, alertam os investigadores, que propuseram uma avaliação do estatuto de conservação da nova espécie como Criticamente em Perigo. Essa categoria é atribuída pela União Internacional para a Conservação da Natureza a espécies seriamente ameaçadas de extinção.
“Este estudo evidencia a importância da realização de inventários herpetológicos em Madagáscar, de forma a melhorar a nossa compreensão da diversidade das espécies de répteis” na maior ilha de África, sublinha o laboratório de investigação da Universidade do Porto.
Saiba mais.
Recorde porque é importante proteger a biodiversidade única de Madagáscar, como alertaram dois artigos publicados na revista científica Science, no final de 2022.