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Rola-brava. Foto: Mourad Harzallah/WikiCommons

ICNF anuncia reabertura da caça à rola-brava para este ano

21.05.2025

Abate desta ave migradora vai ser permitida durante as épocas de caça de 2025/26 e 2026/27, com limites e regras que serão ainda definidos pelo instituto.

“A caça à rola-comum (Streptopelia turtur, também conhecida por rola-brava) vai voltar a ser possível durante as épocas venatórias de 2025/26 e de 2026/27, desde que verificada a compatibilidade da evolução populacional da espécie com a atividade cinegética”, anunciou esta quarta-feira o Instituto Nacional de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF).

A alteração ao que tinha ficado definido para as próximas épocas de caça aconteceu por meio de uma nova portaria publicada em Diário da República a 15 de maio, a Portaria n.º 222-A/2025/1.

Este diploma, assinado pelo secretário de Estado das Florestas, Rui Ladeira, afirma que a atualização recente da avaliação da situação das rolas-bravas na rota migratória ocidental, que inclui Portugal, concluiu que estão satisfeitas duas das três condições necessárias à reabertura da caça a esta espécie: o aumento da população durante pelo menos dois anos consecutivos e o aumento da taxa de sobrevivência.

Na primavera de 2021, os números de casais reprodutores nos países da rota ocidental percorridos por esta ave migradora, registados pelo Esquema Pan-europeu de Monitorização de Aves Comuns (conhecido pela sigla inglesa PECBMS), tinham baixado para níveis históricos nunca antes registados. Mas logo em 2023 sentiram-se os efeitos positivos das novas medidas, que aumentaram em 2024, quando se registou o maior número de pares reprodutores desde 2009.

A avaliação referida pela portaria foi realizada por um grupo de trabalho que funciona no âmbito do NADEG, como é designado o grupo europeu de especialistas que têm como foco as diretivas Aves e Habitats – as duas peças legislativas que alicerçam a conservação da natureza a nível comunitário. Em abril passado, esta serviu de base ao anúncio de reabertura da caça à rola-brava em Espanha, França e no Noroeste da Itália. Na altura, a decisão foi recebida com desconfiança pela europeia Birdlife International e pela espanhola SEO/Birdlife, organizações não governamentais de ambiente que se dedicam à conservação das aves, que criticaram a falta de “controlos claros” da atividade dos caçadores.

No que respeita a Portugal, lembra a portaria agora publicada, não está ainda em vigor um sistema de controlo e fiscalização – a terceira condição exigida pelas autoridades europeias para que cada país possa voltar a permitir a caça esta espécie. No entanto, Portugal já apresentou à Comissão Europeia e ao NADEG uma “proposta de sistema de regulação, controlo e fiscalização da caça à rola-comum, para a época venatória de 2025-2026”, que teve luz verde das duas entidades.

Quanto aos períodos de caça, limites de abate e critérios, procedimentos e prazos a cumprir, vão ser ainda definidos pelo ICNF, afirma o instituto.

Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.

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