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Fotografia de orangotango do Bornéu vence o Wildlife Photographer of the Year 2016

24.10.2016

A fotografia que Tim Laman tirou a um jovem orangotango do Bornéu foi a escolhida de entre quase 50.000 imagens e venceu o prestigiado Wildlife Photographer of the Year 2016.

 

O biólogo e fotojornalista Tim Laman foi o grande nome da noite no Museu de História Natural de Londres, durante a cerimónia a 18 de Outubro onde foram conhecidos os vencedores das 16 categorias a concurso na 52ª edição deste prémio. A sua fotografia “Entwined lives” (“Vidas entrelaçadas”) mostra um jovem orangotango macho do Bornéu, espécie Criticamente Ameaçada de extinção, na floresta do Parque Nacional Gunung Palung, na ilha indonésia do Bornéu.

 

 

Tim passou três dias a subir a uma árvore com 30 metros de altura e a montar várias câmaras GoPro acionadas remotamente. Este método permitiu-lhe captar o orangotango de cima, tendo como pano de fundo a copa das árvores da floresta.

Os orangotangos em estado selvagem vivem ameaçados pela perda de habitat para a agricultura e abate ilegal de árvores e pela perseguição e caça ilegais. “Proteger o habitat que lhes resta é crucial para os orangotangos sobreviverem”, comentou Tim Laman, em comunicado. “Se queremos preservar um grande símio que mantém o seu vasto conhecimento, transmitido culturalmente, de como sobreviver numa floresta e toda a riqueza de comportamentos em estado selvagem, então precisamos proteger os orangotangos na natureza”, acrescentou.

Tim Laman já estudou as aves-do-paraíso e documenta as vidas dos orangotangos em estado selvagem, com a ajuda da sua mulher Cheryl Knott e o seu Programa de Orangotangos Gunung Palung.

Este ano foram a concurso quase 50.000 fotografias, vindas de 95 países. Um painel de júris escolheu as 100 melhores, tendo em conta a criatividade, arte e complexidade técnica. Como é tradição, estas 100 fotografias irão viajar pelo mundo em exposições temporárias, desde o Reino Unido, Espanha e Canadá aos Estados Unidos, Alemanha e Macau. A primeira paragem é o próprio Museu de História Natural de Londres, onde as fotografias estão expostas desde 21 de Outubro a 10 de Setembro de 2017. O grande objectivo é inspirar as pessoas para apreciarem e conservarem o mundo natural.

“O Wildlife Photographer of the Year destaca algumas das maiores questões para a sociedade e para o ambiente: Como podemos proteger a biodiversidade? Poderemos aprender a viver em harmonia com a natureza?”, salientou Michael Dixon, director do Museu de História Natural de Londres. “As imagens vencedoras tocam os nossos corações e desafiam-nos a pensar de forma diferente sobre o mundo natural.”

As inscrições para a 53ª edição deste galardão já estão abertas, desde 24 de Outubro a 15 de Dezembro de 2016.

Os prémios Wildlife Photographer of the Year começaram em 1965, numa iniciativa da revista BBC Wildlife Magazine, que na altura se chamava Animals. Havia, então, apenas três categorias. Nesse ano 500 fotografias foram a concurso. Desde então, o evento cresceu e, em 1984, o Museu de História Natural de Londres passou a estar envolvido no projecto.

Aqui estão alguns dos vencedores:

 

Jovem Wildlife Photographer of the Year: Gideon Knight, Reino Unido – “The moon and the crow”

 

 

Certa noite, Gideon, 16 anos, reparou num corvo no parque, em cima de uma árvore. “Parece quase irreal, como se tivesse saído de um conto de fadas”, disse. Mas a ave estava sempre a mexer-se, tornando difícil manter uma silhueta contra a Lua. Finalmente, o momento chegou e Gideon conseguiu a sua fotografia.

 

Plantas: Valter Minotto (vencedor), Itália – “Wind composition”

 

Valter tirou muitas fotografias a esta aveleira até o vento, finalmente, lhe dar a composição que pretendia. “A parte mais difícil foi captar as flores femininas, paradas, enquanto os machos se moviam”, explica Valter. As aveleiras têm flores macho e fêmea. Cada macho verde produz milhões de microscópicos grãos de pólen.

 

Mamíferos: Simon Stafford (vencedor), Reino Unido – “The aftermath”

 

“Quis captar a realidade mais negra da bem conhecida migração dos gnus”, disse o fotógrafo. Depois de um atropelo em massa aquando da travessia do rio Mara (Quénia), às primeiras horas da manhã, Simon viu um grupo de hienas-malhadas a alimentar-se dos gnus que não conseguiram sobreviver. A dada altura, uma hiena afastou-se do festim e olhou na direcção de Simon.

 

Natureza urbana: Nayan Khanolkar (vencedor), Índia – “The alley cat”

 

 

Nayan quis mostrar que é possível uma coexistência entre humanos e leopardos. O fotógrafo instalou uma câmara de sensor remoto e esperou pelo felino. Depois de quatro meses, ele finalmente conseguiu captar esta imagem numa viela de um subúrbio de Bombaim.

 

Aves: Ganesh H. Shankar (vencedor), Índia – “Eviction attempt”

 

Quando os periquitos regressaram ao seu ninho encontraram lá instalado um lagarto de Bengala. Imediatamente as aves começaram a tentar remover o indesejado inquilino, bicando-o e pendurando-se da sua cauda. Esta tarefa demorou dois dias, o que deu a Ganesh várias oportunidades para captar toda a acção.

 

Debaixo de água: Tony Wu (vencedor), Estados Unidos – “Snapper party”

 

 

Tony mergulhou na região do Palau para captar o momento da desova destes peixes. Mas as correntes fortes não o deixaram tirar as fotografias que pretendia da primeira vez. Finalmente, uma manhã, conseguiu captar o momento.

 

[divider type=”thick”]Veja aqui todas as fotografias vencedoras.

Lembra-se quem foi o vencedor no ano passado?

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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