Há cinco anos, Anderson Nielsen fotografou o seu primeiro insecto e nunca mais parou, fascinado pela complexidade artística destas espécies. Está a construir uma colecção de fotografias e assim mostrar a todos a grandeza destes pequenos animais.
Anderson Nielsen, designer gráfico, diretor de arte e fotógrafo de 40 anos, está em Portugal desde 2005, deixando para trás a sua terra natal no interior de Minas Gerais, no Brasil. Veio à procura de conhecimentos na sua área.
De momento trabalha na para TV ZAP, mas já passou pela revista Sábado, por agências de design e publicidade. Trabalhou em Angola, Moçambique, África do Sul, Inglaterra e Alemanha. Hoje vive em Lisboa.
Começou a fotografar espécies selvagens em 2016. “Há cinco anos fotografei o meu primeiro insecto. Desde então não parei mais”, contou à Wilder.
Tem em mãos um projecto de fine art – no qual o artista fotógrafo cria imagens de acordo com a sua visão, expressando o que pensa e sente – dedicado ao mundo natural, “Gigantes por Natureza”.
“A ideia surgiu de uma necessidade que eu tive em voltar a fazer arte”, trazendo mais detalhes ao olhar do ser humano e aproveitando a experiência e capacidades adquiridas ao longo da sua carreira.
Anderson Nielsen quer mostrar o seu “trabalho com a natureza de forma geral” e, diz, “com a fotografia de fine art consigo estar em muitos lugares para mostrar a diversidade deste universo”.
Através do projecto “Gigantes por Natureza”, Nielsen fotografa artisticamente insectos e elementos da natureza para retratar, catalogar e exibir.
Mas que espécies decide fotografar para a sua colecção? “Procuro selecionar os animais mais exóticos e diferentes. Porém nunca rejeitei fotografar nem uma mosca porque até uma simples mosca é um animal incrível quando se consegue ver os detalhes. Não existe critério. Desde que seja um insecto, irá entrar na minha colecção.”
Porém, há espécies preferidas para observar e fotografar, os Membracídeos, vulgarmente designados como soldadinhos ou viuvinhas. “São insetos bem diferenciados.”
Para este projecto “Gigantes por Natureza”, o fotógrafo utiliza dois métodos.
“Quando consigo algum exemplar de um animal já preservado, recebo o animal e levo-o para o estúdio para fazer a foto”.
Em outras situações, Nielsen sai para o campo “para fazer coletas”.
Uma vez colectado o insecto, começa o processo de entomologia. “Uso uma câmara fria e uma estufa para secagem, o que leva cerca de dois dias”. Depois faz a montagem, usando o esticador ou régua de montagem, papéis, alfinetes e papel vegetal.
“Depois de ter o inseto preparado e seco, levo-o para o estúdio, monto todo o setup. Uso quatro focos de iluminação artificial, uma câmara de médio formato Hasselblad H5D e uma objectiva Macro HC 120mm.”
“Após ter a fotografia feita e verificado se está tudo em foco, faço prova de impressão numa impressora de fine art em que uso tintas minerais e papel 100% algodão livre de ácidos. Feito isso, tenho a obra catalogada.”
Este fotógrafo acredita que as suas imagens podem ajudar a preencher “uma grande lacuna que é a falta de conhecimento deste universo que são os insetos”. “Sinto que em cada exposição que faço existem pessoas que mudam o seu olhar e a sua perceção perante estes pequenos seres. É preciso conhecer para preservar.”
Nielsen procura fazer exposições com os “Gigantes por Natureza” e já doou obras com dimensões de dois metros ao museu Planeta dos Insetos em São Paulo, Brasil. Em Portugal já contactou um museu de História Natural para propor uma exposição.
Além disso, “pretendo criar um museu de arte, natureza e design para poder receber menores carentes para terem acesso a todos estas informações importantes” sobre a vida selvagem.
Nielsen quer continuar a aumentar a sua colecção, “para que seja o maior possível e para que seja exposta no maior número de lugares deste mundo que eu conseguir para que o máximo de pessoas possam ver de perto o quão grandioso é este universo micro, que é macro em detalhes”.
“Pretendo continuar até o ultimo dia da minha vida.”