A VII edição do Festival dos Grous acontece já de 15 a 19 de Janeiro em Campo Maior, Alentejo, e está convidado a participar nas visitas guiadas e percursos pedestres para observar estas majestosas aves. Os organizadores contaram à Wilder o que vai acontecer.
Este evento é a oportunidade perfeita para observar aquela ave que, provavelmente, queremos ver há muito, o grou (Grus grus).
De grande porte, o grou tem patas compridas, pescoço longo e estreito e plumagem predominantemente cinzento-azulada. Na cabeça preta e branca tem uma coroa vermelha. Um bando de grous a sobrevoar os campos, de preferência onde possamos ouvir os seus sons e as asas a bater, é um espectáculo da natureza.
Um senão. Esta espécie que se reproduz no Norte e Centro da Europa só está em Portugal entre Novembro e Fevereiro.
A zona de Campo Maior é um dos locais que escolhe para passar os meses mais frios do ano. É de aproveitar, então. Os conservacionistas já o estão a fazer, trabalhando por estes dias no censo a esta espécie que acontece desde há 40 anos, nesta altura do ano.
João Sanguinho, do GEDA (Grupo de Ecologia e Desportos de Aventura), associação sediada em Campo Maior, explicou à Wilder que este Festival nasce numa associação de defesa do ambiente em regime de voluntariado, o GEDA, ancorado à aldeia histórica de Ouguela, em parceria com o Município de Campo Maior, o Agrupamento de Escolas de Campo Maior e o Centro Educativo Alice Nabeiro.
Tem como objetivos “promover a conservação da natureza, da biodiversidade e, em particular, da avifauna, assentes num modelo de sustentabilidade que considera a educação ambiental, a cooperação transfronteiriça, o turismo e o desenvolvimento local”.
O Festival é feito a pensar em vários tipos de pessoa. “Desde o experiente observador de aves, ornitólogo ou investigador, até ao praticante de pedestrianismo, passando pela comunidade escolar, séniores institucionalizados e pessoas com deficiência, que aqui têm a oportunidade de desfrutar da natureza, com condições de acessibilidade”, explicou João Sanguinho.
Na última edição participaram cerca de 500 pessoas.
Uma visita guiada e um percurso pedestre
O Festival está dividido em duas partes, sendo que durante a semana (3 dias) as atividades estão orientadas para a comunidade escolar e, nesta edição, a faixa etária sénior, com atividades de colocação de caixas ninho, projeção de documentários sobre natureza, visitas ao Centro Ambiental do Xévora e à aldeia histórica de Ouguela.
A segunda parte acontece ao fim-de-semana, destinada ao público em geral. O sábado está destinado a uma visita guiada para observação de aves durante a manhã, entre as 08h30 e as 13h00 – guiada pelos monitores do GEDA coadjuvados por técnicos da Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA) – e almoço convívio seguido de jornadas técnicas no período da tarde. Segundo João Sanguinho, este ano as jornadas são dedicadas ao tema “Monitorização e conservação de estepárias”.
No domingo será organizado o percurso pedestre temático Rota dos Grous (PR2 CMR) que termina no Centro Ambiental do Xévora onde segue a tradicional almoçarada e degustação de produtos locais.
Este é um percurso homologado, temático da avifauna, equipado com um observatório em altura com vistas sobre o montado, habitat do grou. “Nesta ocasião alonga-se o percurso com uma travessia do rio Xévora até outras paragens de ocorrência da espécie no intuito de mostrar a diversidade paisagística e aumentar a permanência e experiência nos ecossistemas da região”, acrescentou o responsável.
Mas há cuidados a ter se for à procura dos grous. “Sendo uma atividade com uma baixa capacidade de carga sobre o meio, o grupo é gerido para que o impacto seja o menor possível naquelas zonas mais sensíveis, especialmente na observação do grou comum e de abetarda”, disse João Sanguinho. “O silêncio é um aspeto bastante importante porque, no caso da observação do grou comum, se trata de uma experiência bastante marcante porque é uma ave que também se ouve e cujo cante é simplesmente fascinante!”
A facilidade relativa de conseguir ver Grous
À pergunta “é difícil observar grous nessa região ou podem ser encontrados com relativa facilidade”, João Sanguinho respondeu que é possível encontrá-los “com relativa facilidade”. Mas tudo depende da “fase ou momento da invernada da espécie, em função da disponibilidade de alimento nas zonas de montando e das culturas agrícolas”. Isto porque, “durante a sua permanência, de princípios de novembro a finais de fevereiro, esta ave efetua uma rotação por entre as diversas zonas de alimento e de dormida”.
“Para melhorar a experiência de observação desta e outras espécies na região, temos um folheto em fase de desenvolvimento, com elementos gráficos que visam facilitar o acesso pelos visitantes aos melhores locais”, adiantou.
Além dos grous, há muitas outras espécies de aves que podemos observar durante este Festival.
“Nas extensas zonas de montado e estepe é possível observar abetarda, sisão, cortiçol-de-barriga-preta, alcaravão e diversas aves de rapina e necrófagas a cruzar os céus.”