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Grou. Foto: Ken Billington/WikiCommons

Cinco coisas a saber sobre o grou em Portugal

23.12.2024

Em Dezembro e Janeiro decorre o censo ao grou em Portugal, nos campos do Alentejo. Aqui ficam cinco curiosidades a saber sobre esta ave tão elegante que nos visita nos meses mais frios.

Como é um grou

O grou (Grus grus) é uma ave de grande porte, com um comprimento entre os 96 e os 119 centímetros; a envergadura de asa é de 180 a 222 centímetros. Tem patas compridas, pescoço longo e estreito e plumagem predominantemente cinzento-azulada. Na cabeça preta e branca tem uma coroa vermelha sem penas. Junto à cauda, as penas parecem entufadas como acontece nas avestruzes. Quando voam, os grous batem as asas lentamente e esticam o pescoço e as patas, como as cegonhas.

O grou já se reproduziu em Portugal

Segundo Carlos Miguel Cruz, coordenador do censo nacional aos locais de invernia do grou, esta espécie já se reproduziu em Portugal, apesar de actualmente ser apenas invernante. Recorda Carlos de Bragança que se referiu à nidificação desta espécie, no final do século XIX, no Baixo Guadiana, já perto do Algarve e em Pancas, no Estuário do Tejo. “A extinção das populações reprodutoras esteve, possivelmente, relacionada com a drenagem e a alteração das zonas húmidas onde estas aves normalmente nidificavam”, segundo o o livro “Aves de Portugal” (2010).

Um calendário para os grous

Os primeiros grous chegam a Portugal nos últimos dias de Outubro, segundo o livro “Aves de Portugal”. Ainda assim, a maioria só chega ao longo do mês de Dezembro. A partida acontece durante a primeira quinzena de Março. A sua rotina diária é bem previsível. De manhã, os grous dispersam-se para zonas de alimentação; de tarde aproximam-se dos dormitórios e juntam-se em bandos maiores para passarem a noite na segurança dos números.

Dormir com as patas dentro de água

No Inverno, os grous formam grandes concentrações para passar a noite em dormitórios. Escolhem zonas húmidas como charcas ou braços de albufeiras, por exemplo. “Ao fim do dia dirigem-se a esses locais para beber e ali ficam durante a noite. Dormem com as patas dentro de água. Por um lado é mais seguro e uma defesa contra possíveis predadores (como raposas ou javalis) e por outro, à noite a água não estará tão fria quanto a erva, à mercê das geadas”, explicou Carlos Miguel Cruz.

Um site só para grous

Para quem quiser saber mais sobre estas aves há um site, “Grous Portugal”, que reúne informação sobre a espécie e sobre os censos. É feito por voluntários, especialistas em aves, que querem divulgar 30 anos de conhecimento e dados sobre o grou em Portugal. Contam ainda a história do censo aos núcleos de invernia, no Alentejo, e listam os registos de aves encontradas com anilhas.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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