Os gorilas-da-montanha são apenas uma das cerca de 700 espécies ameaçadas de mamíferos e aves que já estão a ser atingidas pelas alterações climáticas e cujos impactos têm sido dramaticamente subestimados, revela um novo artigo publicado na revista Nature Climate Change.
Um grande número de espécies ameaçadas já estão a sofrer com as alterações climáticas, concluiu um estudo internacional publicado ontem. “Tem havido um registo muitíssimo subestimado destes impactos”, disse em comunicado James Watson, investigador da Universidade de Queensland e um dos autores do estudo.
“Apenas 7% dos mamíferos e 4% das aves que mostram respostas negativas às alterações climáticas estão actualmente classificadas como ‘ameaçadas pelas alterações climáticas e eventos extremos’ pela Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza”, salientou.
Foi esta a conclusão a que chegou a investigação internacional, depois de ter revisto os impactos observados das alterações climáticas nas aves e mamíferos, baseando-se num total de 130 estudos realizados entre 1990 e 2015. Segundo os investigadores, esta é a avaliação mais completa sobre como as alterações climáticas afectam as nossas espécies mais bem estudadas.
“Os resultados sugerem que é provável que cerca de metade (47%) dos mamíferos ameaçados (de 873 espécies) e 23% das aves ameaçadas (de 1.272 espécies) já têm respostas negativas às alterações climáticas” em pelo menos parte da sua área de distribuição, acrescentou Watson.
Ainda assim, estes impactos têm sido quase invisíveis. “Precisamos melhorar o mais depressa possível as avaliações dos impactos das alterações climáticas em todas as espécies, mesmo nos grupos menos estudados”, defendeu o investigador.
Esses dados devem ser comunicados à sociedade e aos decisores políticos para que sejam tomadas medidas para evitar a extinção de mais espécies. “As alterações climáticas já não são uma ameaça futura.”