Os Estados Unidos vão abandonar o Acordo de Paris sobre alterações climáticas por ser injusto para o país e para os seus cidadãos, anunciou hoje o Presidente norte-americano Donald Trump nos Jardins da Casa Branca.
Apesar dos vários apelos de líderes mundiais, Donald Trump confirmou aquilo que era já esperado, a saída dos Estados Unidos do acordo climático assinado em 2015 em Paris, juntando-se à Nicarágua e à Síria, os únicos países do mundo que rejeitaram o acordo.
“Para cumprir o meu dever solene de proteger a América e o seu povo, os Estados Unidos irão retirar-se do Acordo Climático de Paris”, declarou o Presidente.
Para justificar a sua decisão, Trump salientou que o acordo é “injusto”, por implicar desvantagens para os norte-americanos – desde salários mais baixos, ao fecho de fábricas e à impossibilidade de explorar os combustíveis fósseis -, ao mesmo tempo que oferece benefícios para países terceiros. Trump referiu, em especial, o caso da China – que poderá continuar a construir fábricas a carvão -, e o caso da Índia.
No seu discurso, que durou cerca de 30 minutos, Trump anunciou que vai suspender todas as acções de implementação do Acordo de Paris, incluindo as metas de redução de emissões definidas pela Administração Obama e as contribuições financeiras para o Fundo Verde Climático das Nações Unidas.
“O financiamento ao combate ao efeito de estufa está a custar uma fortuna aos Estados Unidos (…). Não é o que precisamos.”
Agora, o Presidente adianta que pretende negociar um acordo melhor e mais justo para os Estados Unidos, “que proteja o país e os seus contribuintes. Até lá, estamos fora”. E garantiu que o seu país será “líder em assuntos ambientais”.
“Só tenho uma obrigação, e essa obrigação é para com o povo norte-americano”.
Poucos minutos depois deste anúncio, o anterior Presidente norte-americano, Barack Obama, acusou a Administração Trump de “rejeitar o futuro”, noticiou a BBC. “Acredito que os nossos estados, cidades e empresas vão opor-se e fazer ainda mais para liderar o caminho e ajudar a proteger, para as futuras gerações, o único planeta que temos.”
As reacções também chegaram das Nações Unidas. Stéphane Dujarric, porta-voz do secretário-geral, disse, em comunicado, que a saída dos Estados Unidos “é uma grande decepção para os esforços mundiais para reduzir as emissões de gases com efeito de estufa e para promover a segurança mundial”.
A esperança é que “as cidades, estados e empresas dos Estados Unidos, ao lado de outros países, continuem a demonstrar visão e liderança, trabalhando para um crescimento económico de baixo-carbono e resiliente, que continue a criar postos de trabalho e prosperidade”.
Outra das primeiras pessoas a reagir foi o empresário Elon Musk, anunciando no Twitter que vai abandonar do seu papel enquanto conselheiro da Administração Trump, como forma de protesto.
Am departing presidential councils. Climate change is real. Leaving Paris is not good for America or the world.
— Elon Musk (@elonmusk) June 1, 2017