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Sapo-parteiro-de-Inigo. Foto: Christophe Dufresnes

Descrita nova subespécie de sapo-parteiro em Espanha

16.12.2021

O sapo-parteiro-de-Inigo (Alytes almogavarii inigoi) vive na província de Huesca, nos Pirinéus Centrais. Infelizmente, esta espécie pirenaica está ameaçada pelas alterações climáticas, doenças e introdução de peixes nos rios de montanha, alertam os investigadores.

O sapo-parteiro-de-Inigo é um sapo-parteiro endémico das zonas altas da província de Huesca, nos Pirinéus Centrais.

Sapo-parteiro-de-Inigo. Foto: Christophe Dufresnes

Este anfíbio robusto e de olhos grandes mede cerca de cinco centímetros. Vive nas encostas rochosas de pedra calcária, em lagoas e nos charcos junto a rios e pequenos cursos de água escondidos nas gretas das rochas ou debaixo de pedras.

Os adultos são exclusivamente crepusculares ou nocturnos. Têm a pele de um tom acinzentado com manchas esverdeadas ou acastanhadas e verrugas alaranjadas. A cor do ventre é branca.

A descrição desta subespécie, publicada em Novembro na revista Journal of Zoological Systematics and Evolutionary Research, foi feita através de investigação genética.

Tudo aconteceu no âmbito de um estudo para conhecer a diversidade e a evolução dos sapos-parteiros, tomando como ponto de partida o trabalho do investigador do Museu Nacional espanhol de Ciências Naturais (MNCN/CSIC) Iñigo Martínez-Solano.

Foi por isso que esta subespécie recebeu o seu nome (Alytes almogavarii inigoi) para homenagear esse investigador, especializado em herpetofauna ibérica e em como se formam as espécies. “As investigações de Martínez-Solano foram cruciais para descobrir esta nova subespécie já que foi o primeiro a intuir a relevância das populações nesta zona de Espanha”, explica, em comunicado, o MNCN/CSIC.

“O grupo Alytes obstreticans (sapo-parteiro-comum) diversificou-se num total de seis linhagens evolutivas ou subespécies em toda a Península Ibérica desde o Pleistoceno”, disse Íñigo Martínez Solano. Na Catalunha, este grupo pode dividir-se em duas espécies distintas, por causa das suas incompatibilidades genéticas: Alytes pertinax e Alytes almogavarii. É neste segundo grupo que surge a nova subespécie.

Os dados analizados confirmam que o sapo-parteiro-de-Íñigo começou a separar-se há milhões de anos da subespécie catalã Alytes almogavarii almogavarii. Por isso, é o resultado de significativas alterações genéticas processadas ao longo dos últimos milhares de anos.

“Apesar da semelhança morfológica com a subespécie catalã Alytes almogavarii almogavarii, a divergência substâncial nos genes mitocondriais foi a prova que corroborou que esta é uma nova subespécie”, explicou Christophe Dufresnes, investigador da Universidade Florestal de Nanjing (China) que descreveu a subespécie.

“A Península Ibérica é uma das áreas com maior diversidade de espécies de anfíbios em toda a Europa, devido à sua complexa história geológica e pela grande história evolutiva dos anfíbios da região”, comentou, anteriormente, Iñigo Martínez Solano. “A diversidade topográfica e climática da Península foi o motor de numerosos processos de isolamento de diferentes espécies animais e vegetais, cuja evolução independente deu lugar à formação de espécies endémicas”, acrescentou.

Infelizmente, salientam os investigadores, as alterações climáticas, as doenças e a introdução de peixes para uso recreativo nos rios de montanha “dificultam a subsistência dos anfíbios pirenaicos”.


Saiba mais.

Conheça o que está a acontecer aos sapos-parteiros que vivem na Serra da Estrela.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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