Compostos bioactivos na pele de rãs-verdes e de salamandras-do-fogo podem ajudar a combater doenças como a leishmaniose, a diabetes e doenças neurodegenerativas, descobriram investigadores da Universidade do Porto.
As moléculas presentes na pele de várias espécies de anfíbios de Portugal Continental e dos Açores podem impulsionar a bioprospecção de novos fármacos, segundo o estudo coordenado por investigadores da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP).
“Até ao momento já conseguimos identificar dois péptidos com potencial antioxidante”, disse Alexandra Plácido, investigadora da FCUP que trabalha no Laboratório Associado para a Química Verde – REQUIMTE.
A equipa coletou espécimes do Norte de Portugal e nas ilhas açorianas de São Miguel e Santa Maria.
“O que fazemos no terreno é a extração das secreções, usando um “bioestimulador”, com uma voltagem baixa, que provoca a contração muscular e, consequentemente, a libertação das secreções presentes nas glândulas da pele”, explicou Alexandra Plácido.
Estes dois péptidos foram descobertos na salamandra de fogo (Salamandra salamandra) coletada no Parque Nacional Peneda-Gerês e na rã verde (Pelophylax perezi) coletada na ilha de São Miguel, Açores.
Para recolherem uma amostra mais significativa, os investigadores fizeram novas expedições, em Novembro, no Gerês e na Serra de Valongo.
Depois de recolhidas as amostras de secreções, os animais são libertados no seu habitat natural.
Segundo a investigadora, esta investigação não tem qualquer impacte negativo quer no bem-estar animal quer na biodiversidade local, já que “após os primeiros procedimentos laboratoriais de identificação das moléculas, estas passam a ser sintetizadas quimicamente no Departamento de Química e Bioquímica da FCUP para realização dos estudos subsequentes”.
Além disso, sublinhou, este projeto quer também acrescentar valor à biodiversidade nacional e sensibilizar para a importância destas espécies de anfíbios.
Este estudo insere-se no projecto VIDA-FROG, que começou em Abril de 2019 e é liderado pela FCUP.
Nesta investigação participam também o Instituto de Investigação e Inovação em Saúde (i3S) da Universidade do Porto, o Instituto de Medicina Molecular (IMM) da Universidade de Lisboa, a Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa, e as Universidade de Brasília e de São Paulo.
Actualmente são conhecidas em Portugal 22 espécies de anfíbios.