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Crias de lince-ibérico divertem-se na Serra Morena Oriental

06.06.2016

Este ano, os matagais mediterrânicos de Portugal e Espanha estão diferentes. Começa a sentir-se o regresso do lince-ibérico aos territórios que já foram seus. Por entre sobreiros, estevas e giestas brincam crias de lince-ibérico, nascidas em liberdade nos meses de Março e Abril. Estas são imagens de uma ninhada de três descoberta recentemente na Serra Morena Oriental, em Espanha.

Os esforços de conservação dos habitats para o lince-ibérico (Lynx pardinus) e de reprodução em cativeiro começam a dar frutos que todos podemos ver. Graças às câmaras espalhadas pelos territórios deste felino assistimos às tropelias das crias e aos cuidados das suas progenitoras.

 

Ninhada de linces na Serra Morena Oriental. Foto: Governo regional de Castela-La Mancha
Ninhada de linces na Serra Morena Oriental. Foto: Governo regional de Castela-La Mancha

 

Estas imagens foram captadas nos campos da Serra Morena Oriental, na província espanhola de Ciudad Real. A ninhada de três crias, nascida em estado selvagem, foi confirmada a 1 de Junho pelo governo regional, numa das zonas da Península Ibérica onde está a decorrer a reintrodução da espécie.

 

Ninhada de linces na Serra Morena Oriental. Foto: Governo regional de Castela-La Mancha
Ninhada de linces na Serra Morena Oriental. Foto: Governo regional de Castela-La Mancha

 

A progenitora é Kiowa, uma fêmea que nasceu em 2013 no Centro de Reprodução de Zarza de Granadilla (Cáceres) e foi libertada em Julho de 2014. Esta é uma das três fêmeas territoriais estabelecidas na zona e o conselheiro regional para a Agricultura, Ambiente e Desenvolvimento Rural, Francisco Martínez Arroyo, considerou, em comunicado, que este é “um feito muito positivo para a recuperação do lince em Castela-La Mancha”.

Até ao momento são conhecidas pelo menos cinco ninhadas nesta província, quatro nos Montes de Toledo e esta na Serra Morena Oriental. Segundo o censo às populações de lince-ibérico relativo a 2015 existiam cinco animais nesta segunda zona. Em Portugal, no Parque Natural do Vale do Guadiana, são conhecidas duas ninhadas, uma de Lagunilla e outra de Jacarandá.

As reintroduções de lince-ibérico começaram em 2012 na Andaluzia e, em 2014, estenderam-se a outras regiões da Península Ibérica, nomeadamente ao Parque Natural do Vale do Guadiana, a Extremadura (Vale de Matachel) e a Castela-La Mancha (Serra Morena Oriental e Montes de Toledo).

Nesta altura do ano, as crias terão cerca de três meses de idade e dão os primeiros passeios para explorar a natureza e despertar os sentidos. Lá para finais de Junho, terão mais de dois quilos e já acompanharão as mães na caça. Em Setembro, espera-se que já consigam caçar sozinhas. Terão, então, quatro quilos e as características barbas começam a desenhar-se, bem como as manchas no pelo que as distinguem, como as nossas impressões digitais.

 

[divider type=”thick”]Saiba mais.

Saiba como é cuidar dos linces no Vale do Guadiana e quantos linces nascidos em Silves já foram pais na natureza.

Siga a nossa série “Como nasce um lince-ibérico” e conheça os veterinários, video-vigilantes, tratadores e restante equipa do Centro Nacional de Reprodução (CNRLI) em Silves.

[divider type=”thick”]Agora é a sua vez. Saiba o que fazer quando vir um lince.Ver linces-ibéricos em Portugal já não é assim tão impossível. É preciso estar preparado. Pedro Rocha, director do Parque Natural do Vale do Guadiana, deixa algumas sugestões que podem ajudar à conservação da espécie.

Se vir um lince deve ter atenção à cor da coleira, já que cada animal reintroduzido traz uma coleira emissora de cor diferente. Por exemplo, a Jacarandá tem uma coleira vermelha. Depois, o Parque Natural do Vale do Guadiana agradece o seu contacto para:

Telefone: 286.612.016

Email: [email protected]

E há que ter muita atenção aos sinais da estrada entre Mértola e Beja. “Os linces estão nessa zona. A sério. Aqueles sinais não são só folclore. Há linces a passar”, salienta Pedro Rocha. Existem mais hipóteses de os encontrar durante os períodos crepusculares (ao amanhecer e ao anoitecer), já que é quando os animais estão mais activos.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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