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Girinos de sapos-ocidentais (Anaxyrus boreas) entre nenúfares num lago da Columbia Britânica, Canadá. Foto: Shane Gross/Wildlife Photographer of the Year

Conheça a fotografia que venceu o Wildlife Photographer of the Year 2024

09.10.2024

Foram quase 60.000 as fotografias que este ano estiveram a concurso, vindas de 117 países. No final, a grande vencedora foi “The Swarm of Life“, do canadiano Shane Gross, foi ontem revelado durante uma cerimónia no Museu de História Natural de Londres.

O fotojornalista canadiano, dedicado à conservação marinha, venceu o prémio Wildlife Photographer of the Year com a sua imagem “The Swarm of Life“, que ilustra o mundo mágico subaquático destes girinos. Venceu também na categoria “Wetlands: The Bigger Picture“.

Girinos de sapos-ocidentais (Anaxyrus boreas) entre nenúfares num lago da Columbia Britânica, Canadá. Foto: Shane Gross/Wildlife Photographer of the Year

Shane conseguiu esta imagem quando fazia snorkelling no meio de tapetes de nenúfares em Cedar Lake, na Columbia Britânica. Durante as várias horas de trabalho, o fotojornalista fez de tudo para não perturbar as finas camadas de algas e sedimentos que cobriam o fundo do lago. Ali vivem sapos-ocidentais (Anaxyrus boreas), de uma espécie quase ameaçada pela destruição do habitat e pelos predadores. Os girinos começam a transformação para sapos quando têm entre quatro a 12 semanas, mas estima-se que 99% deles não consigam sobreviver até chegar a adultos.

Estes girinos nadam para cima, até profundidades mais seguras, para escapar de predadores e para se alimentarem.

“O júri ficou cativado pela mistura da luz, energia e ligação entre o ambiente e os girinos”, comentou, em comunicado, Kathy Moran, membro do painel que selecionou as imagens vencedoras nas várias categorias. “Ficámos igualmente entusiasmados com a adição de uma nova espécie aos arquivos do Wildlife Photographer of the Year. Nos últimos anos, a competição mostrou ambientes e espécies que, muitas vezes, passam desapercebidos, ainda que causem a mesma sensação de maravilha e encantamento do que a vida selvagem e os lugares selvagens tipicamente fotografados”, acrescentou.

Alexis Tinker-Tsavalas, da Alemanha, venceu a categoria Young Photographer of the Year 2024 com a sua imagem “Life Under Dead Wood”.

Foto: Alexis Tinker-Tsavalas/Wildlife Photographer of the Year

“Colêmbolos e fungos gelatinosos são dois dos meus temas favoritos de macro-fotografia”, disse Alexis Tinker-Tsavalas. “Por isso, é sempre divertido ter oportunidade de os incluir aos dois numa mesma fotografia. Encontrei estes debaixo de um tronco na minha floresta local em Berlim, Alemanha, e consegui 36 imagens antes de o colêmbolo se ir embora.”

Alexis pôs-se debaixo do tronco para conseguir este imagem intrigante, movendo-se rapidamente já que os colêmbolos conseguem saltar muitas vezes o comprimento do seu corpo num segundo. Alexis usou uma técnica chamada focus stacking, onde são combinadas 36 imagens, cada uma com uma diferente área em foco.

Os colêmbolos vivem em quase cada canto do globo e estão entre os animais macroscópicos mais abundantes. Eles são vitais para a saúde dos solos ao alimentar-se de microorganismos como bactérias e fungos, ajudando a matéria orgânica a decompor-se.

“Um fotógrafo que tentou captar este momento não só revela grande competência técnica como também uma incrível atenção ao detalhe, paciência e perseverança”, comentou Kathy Moran. “Ver uma imagem macro de duas espécies fotografadas no chão da floresta, com esta técnica, é excepcional.”

Os dois grandes vencedores foram selecionados de entre 18 vencedores de cada categoria a concurso e as suas imagens revelam “a maravilha e a riqueza da biodiversidade no nosso planeta e, em muitos casos, os numerosos desafios que a vida selvagem enfrenta hoje em todo o mundo”, segundo os organizadores destes prémios. Cada fotografia foi avaliada, anonimamente, por um painel internacional de peritos, pela sua originalidade, narrativa, excelência técnica e prática ética.

“A longevidade do Wildlife Photographer of the Year é um testemunho da importância vital e da crescente apreciação do nosso mundo natural”, comentou Doug Gurr, director do Museu de História Natural de Londres. “Estamos encantados por ter estas imagens tão inspiradoras no portfolio deste ano. Estas fotografias não só encorajam mais esforços de conservação da vida selvagem como também despertam a criação de verdadeiros defensores do nosso planeta a uma escala global.”

Para celebrar o 60º aniversário destes prémios, a competição criou o Impact Award, tanto para Adultos como para Jovens fotógrafos. Esta categoria reconhece um sucesso de conservação, uma história de esperança e/ou uma mudança positiva. O Young Impact Award foi atribuído a Liwia Pawlowska, da Polónia, com a imagem “Recording by Hand“.

Foto: Liwia Pawlowska/Wildlife Photographer of the Year

Esta fotografia mostra um papa-amoras-comum (Curruca communis) durante uma campanha de anilhagem em Rgielsko, na Polónia. Liwia é fascinada pela anilhagem de aves e tem vindo a fotografar estas sessões desde os seus nove anos de idade. Espera que a sua fotografia “ajude outras pessoas a saber mais sobre este tema”.

O fotógrafo australiano Jannico Kelk venceu o Adult Impact Award com a sua imagem “Hope for the Ninu“.

Foto: Jannico Kelk/Wildlife Photographer of the Year

O pequeno marsupial Macrotis lagotis, conhecido por ninu, foi levado até à quase extinção pela predação causada pela introdução de raposas e gatos. A imagem de Jannico mostra um indivíduo desta espécie numa reserva vedada no Sul da Austrália, um método que erradicou predadores para que possa sobreviver.

Veja aqui os vencedores das restantes categorias:

Alberto Román Gómez (Espanha), 10 and Under Category

Foto: Alberto Román Gómez/Wildlife Photographer of the Year

Parham Pourahmad (Estados Unidos), 11-14 Category

Foto: Parham Pourahmad/Wildlife Photographer of the Year

Igor Metelskiy (Russia), Animals in Their Environment

Foto: Igor Metelskiy/Wildlife Photographer of the Year

John E Marriott (Canada), Animal Portraits

Foto: John E Marriott/Wildlife Photographer of the Year

Jack Zhi (Estados Unidos), Behaviour: Birds

Foto: Jack Zhi/Wildlife Photographer of the Year

Hikkaduwa Liyanage Prasantha Vinod (Sri Lanka), Behaviour: Mammals

Foto: Hikkaduwa Liyanage Prasantha Vinod/Wildlife Photographer of the Year

Karine Aigner (Estados Unidos), Behaviour: Amphibians and Reptiles

Foto: Karine Aigner/Wildlife Photographer of the Year

Ingo Arndt (Alemanha), Behaviour: Invertebrates

Foto: Ingo Arndt/Wildlife Photographer of the Year

Justin Gilligan (Austrália), Oceans: The Bigger Picture

Foto: Justin Gilligan/Wildlife Photographer of the Year

Fortunato Gatto (Itália), Plants and Fungi

Foto: Fortunato Gatto/Wildlife Photographer of the Year

Jiří Hřebíček (República Checa), Natural Artistry

Foto: Jiří Hřebíček/Wildlife Photographer of the Year

Matthew Smith (Reino Unido/Austrália), Underwater

Foto: Matthew Smith/Wildlife Photographer of the Year

Robin Darius Conz (Alemanha), Urban Wildlife

Foto: Robin Darius Conz/Wildlife Photographer of the Year

Britta Jaschinski (Reino Unido/Alemanha), Photojournalism

Foto: Britta Jaschinski/Wildlife Photographer of the Year

Thomas Peschak (África do Sul/Alemanha), Photojournalist Story Award

Foto: Thomas Peschak/Wildlife Photographer of the Year

Sage Ono (Estados Unidos), Rising Star Portfolio Award

Foto: Sage Ono/Wildlife Photographer Awards

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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