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Cinco perguntas a Jacinto Policarpo, o Fotógrafo de Natureza do Ano

01.02.2019

É professor de Educação Física e empresário, vive em Vendas Novas e aproveita todas as oportunidades para fotografar o mundo natural que tanto admira. Aos 37 anos, Jacinto Policarpo venceu o concurso Fotógrafo de Natureza do Ano 2019.

 

WILDER: Como surgiu a fotografia que venceu o concurso GENERG – Fotógrafo de Natureza do Ano?

Jacinto Policarpo: A fotografia deste corvo-marinho-de-crista (Phalacrocorax aristotelis) foi tirada na Costa Vicentina, na Primavera de 2018. Foi num dos meus passeios pela zona, que conheço desde criança. O meu pai é da região e passo muito por lá. Naquele dia ia com o intuito de fotografar outra espécie, a cegonha-branca, para o projecto “A Costa das Cegonhas”, do Realces (projecto de seis fotógrafos de natureza que partem à descoberta de um país através de dez missões para retratar a beleza natural). Mas depois vi o corvo-marinho, naquela parede rochosa praticamente na vertical, ao amanhecer. Achei piada à imagem que vi. Foi muito feliz o corvo-marinho-de-crista, uma ave de tons escuros, estar pousado numa zona de rocha branca daquela parede que estava toda à sombra, num grande contraste de cor entre pretos e brancos. A imagem disse-me algo.

 

 

W: O que significa para si a distinção do Fotógrafo de Natureza do Ano?

Jacinto Policarpo: Ser escolhido como Fotógrafo de Natureza do Ano é uma honra imensa e sinto muito orgulho. Há vários encontros e concursos de fotografia em Portugal mas o Cinclus é o marco na fotografia de natureza em Portugal. Acho que este é o concurso mais importante a nível nacional.

 

W: Como e quando começou a fotografar a natureza?

Jacinto Policarpo: Sempre me encantou ver imagens de natureza e lembro-me de gostar de ver documentários de vida selvagem aos domingos com o meu pai. Comecei pela pintura, a óleo, aguarela e pastel, sempre com uma vertente natural. Mas a pintura não era imediata. Nunca me sentia preenchido. Comecei então a fotografar, em 2008. Nunca tirei cursos, aprendi a fotografar sozinho, no modo manual. Quando começamos e o bichinho está em nós, fotografamos tudo o que mexe, seja pardal ou abutre, pinheiro ou orquídea. E tentamos o nosso melhor. É preciso muita persistência e empenho. Quando já temos alguma experiência, escolhemos caminhos diferentes e criamos um estilo próprio de imagem.

 

Foto: Nuno Cabrita

 

W: Houve algum momento inspirador que o tenha marcado?

Jacinto Policarpo: Não posso dizer que tenha havido um momento. Tive, sim, a influência de vários autores, em especial o Vincent Munier (fotógrafo francês de vida selvagem), uma grande referência para mim. Não tento imitá-lo mas bebo muito do que ele faz. Como, por exemplo, imagens com muito ambiente. Gosto de incluir a espécie que estou a fotografar no seu ambiente. Um exemplo disso foi quando trabalhei três anos com veados, a fotografar durante a brama, entre Agosto e Setembro. Como nessa altura os animais estão mais activos durante a noite, fotografava quase sempre sem luz, a pé.

 

W: Hoje o que mais gosta de fotografar?

Jacinto Policarpo: Infelizmente não sou fotógrafo profissional. Como o tempo escasseia, a fotografia tem de se ir encaixando no meu dia-a-dia. Actualmente fotografo mais por projectos, como o Realces ou projectos pessoais. Tento esgotar ao máximo as oportunidades que tenho.

 

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Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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