Foto: Jean-Marie Volland

Cientistas descobrem nas Caraíbas a maior bactéria do mundo, que pode ser vista a olho nu

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Baptizada de Thiomargarita magnifica, esta bactéria gigante foi encontrada pelo biólogo marinho Olivier Gros nos mangues da ilha de Guadalupe, nas Caraíbas.

Normalmente as bactérias não são visíveis sem ajuda de um microscópio, mas esse não é o caso da nova Candidatus (Ca.) Thiomargarita magnifica, a maior bactéria até hoje encontrada, que faz lembrar massa de arroz e foi descrita para a Ciência esta semana na Science.

“É 5.000 vezes maior do que a maioria das bactérias”, explica Jean-Marie Volland, um dos cientistas envolvidos, investigador no Joint Genome Institute e no Laboratory for Research in Complex Systems, na Califórnia. “É como se um ser humano encontrasse outro ser humano que fosse tão alto como o Monte Evereste.”

Um único filamento da nova bactéria, a maior até hoje descoberta. Foto: Jean-Marie Volland

A bactéria foi encontrada em 2009 por um biólogo marinho, Olivier Gros, enquanto explorava os sistemas de mangues na ilha de Guadalupe nas Caraíbas, no Oceano Pacífico, explica uma notícia publicada pelo Joint Genome Institute. Os mangues são ecossistemas costeiros em regiões tropicais e subtropicais, em locais onde rios se encontram com o mar, sobretudo junto ao Atlântico e ao Pacífico.

Gros ficou curioso ao encontrar alguns filamentos brancos na água, recolheu uma amostra e passou-a a uma investigadora da Universidade das Caraíbas, onde era professor. Foi Silvina Gonzalez-Risso, através de estudos genéticos, que ficou surpreendida ao descobrir que se tratava de bactérias.

“Não pensei que fossem bactérias porque eram tão grandes, com o que parecia serem imensos filamentos”, recorda a cientista. “Descobrimos que eram únicas porque pareciam ser uma única célula. O facto de serem um ‘macro’-micróbio foi fascinante!”

Através dos estudos realizados, a equipa percebeu que os filamentos desta bactéria gigante chegam aos 9,66 milímetros de comprimento, mas na verdade formam células gigantes e não filamentos multicelulares. Outra descoberta que fascina os cientistas é a complexidade do seu genoma, em comparação com a maioria das outras bactérias.

Sistema de mangues onde a bactéria foi encontrada. Foto: Hugo Bret

Um dos próximos passos dos investigadores é estudar o papel desta bactéria no ecossistema dos mangues, que têm um papel importante na captura de carbono. “Sabemos que está a crescer e a prosperar no topo dos sedimentos do ecossistema dos mangues das Caraíbas”, indica Jean-Marie Volland.

Outra questão é saber se a complexidade encontrada a nível genético acontece também noutras bactérias. Para encontrar respostas, a equipa tem estado a cultivar a Thiomargarita magnifica em laboratório, com sucesso.

Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.

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