Flora da Colômbia. Foto: Alexandre Antonelli © RBG Kew

Botânicos identificam 33 regiões do mundo onde muitas plantas estão ainda por descrever

Início

Num projeto liderado pelos Jardins Reais de Kew, em Inglaterra, cientistas assinalaram pontos negros para a diversidade de plantas.

O artigo com os resultados da análise, publicado na revista científica New Phytologist, destaca locais do planeta onde há uma imensa biodiversidade, mas continua a faltar a informação científica sobre a mesma, desde logo sobre as plantas que ali ocorrem.

Uma vez que estudos científicos concluíram que três em cada quatro espécies de plantas ainda por descrever para a ciência estão hoje ameaçadas de extinção, os novos resultados deverão ajudar os investigadores a definir prioridades no que respeita à recolha e conservação, afirmam em comunicado os jardins botânicos reais.

No âmbito deste estudo, a equipa começou por calcular o número de plantas por “país botânico” (ou território equivalente) que estão hoje por batizar ou mapear. De seguida, essa informação foi cruzada com os 36 ‘hotsposts’ de biodiversidade que a nível mundial são atualmente reconhecidos – considerados pelas suas espécies únicas ameaçadas – e também com a situação política e outros fatores que poderão dificultar a investigação científica a nível local.

Fonte: Jardins Reais de Kew

A Ásia tropical surge em destaque na lista, representando 44% dos 33 pontos identificados, num total de 14 países/territórios botânicos onde a falta de conhecimento mais se manifesta. Seguem-se a América do Sul e a Ásia temperada, ambos com oito áreas afetadas. Em África, foram identificados dois locais problemáticos, e um outro na América do Norte.

Colômbia, Nova Guiné e as regiões Sul e Centro da China destacam-se como as mais afetadas pela falta de dados geográficos e de plantas descritas para a ciência. Já tendo em conta fatores políticos e ambientais, a equipa identificou seis países onde a realização de tarefas de investigação e de coleta de plantas é mais prioritária: além da Colômbia, também Myanmar, Nova Guiné, Peru, Filipinas e Turquia.

Os resultados deste estudo e a possibilidade de servirem como base para a designação de novas áreas protegidas vão estar em cima da mesa na Conferência das Nações Unidas sobre a Biodiversidade (conhecida como COP16), que se vai realizar de 21 de outubro a 1 de novembro na cidade colombiana de Cali.

Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.

Don't Miss