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Foto: Joana Bourgard

António Guterres: “Queremos ser a geração que enterrou a cabeça na areia?”

02.12.2019

A 25ª Conferência das Nações Unidas para as Alterações Climáticas (COP25) começou esta segunda-feira em Madrid com um aviso do secretário-geral, António Guterres.

“Se não mudarmos o nosso estilo de vida, arriscamos ficar sem a própria vida”, advertiu o secretário-geral da ONU, durante o discurso de abertura da COP25.

“Há 10 anos, se os países tivessem actuado com base na ciência disponível, teria sido necessário reduzir as emissões de carbono em 3,3% ao ano. Não o fizemos. E hoje precisamos de reduzir as emissões em 7,6% por ano”, sublinhou.

Reunidos na capital espanhola até ao próximo dia 13, prevê-se que estejam mais de 25.000 representantes de 200 países, de todo o mundo.

Em cima da mesa, está uma revisão ambiciosa do Acordo de Paris assinado em 2015, necessária segundo os cientistas para assegurar que as temperaturas médias globais só vão subir 1,5.ºC até ao final deste século.

Apesar do compromisso assumido, muitos países hoje nem sequer estão a cumprir o que foi decidido em Paris, lembrou Guterres. E agora, é necessário ir mais longe. Caso contrário, se o mundo mantiver a actual tendência, as temperaturas vão subir entre 3,5 e 3,9.ºC até ao final deste século. “O impacto para toda a vida no planeta, incluindo a nossa, seria catastrófico.”

Num relatório especial sobre o clima do IPCC – Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas, divulgado em Outubro de 2018, cientistas de todo o mundo avisaram que a humanidade tem apenas cerca de 12 anos para meter mãos ao trabalho, até 2030, antes que a situação se torne irreversível e os impactos sejam bem piores – incluindo para a biodiversidade.

“Queremos mesmo ser lembrados como a geração que enterrou a cabeça na areia?”, lançou também António Guterres, durante o seu discurso.

O secretário-geral lembrou que “os últimos cinco anos são os mais quentes de sempre e as consequências já se estão a fazer sentir”, com tempestades, fogos violentos, os glaciares a derreterem cada vez mais depressa e os níveis do mar a subirem acima do esperado.

Guterres alertou também contra a dependência mundial do carvão e dos combustíveis fósseis e das actividades industriais e agrícolas intensivas em emissões de carbono. “Precisamos não de uma mudança gradual, mas de uma mudança transformacional. Precisamos de uma mudança rápida e profunda na forma como fazemos os negócios, como construímos cidades, como nos deslocamos e alimentamos o mundo.”

As metas são ambiciosas, mas as decisões que saírem da COP 25 têm de ser obrigatoriamente tomadas por unanimidade, com o consentimento de todos os membros presentes. Isso dificulta todo o processo, mas em contrapartida legitima os compromissos assumidos.

COP significa “conferência das partes” que subscreveram a UNFCCC – sigla inglesa da Convenção-Quadro para as Alterações Climáticas das Nações Unidas. Desde a assinatura deste acordo, em 1992, os países signatários reúnem-se todos os anos para rever os compromissos assumidos na luta contra as alterações climáticas.

Greta Thunberg passa por Lisboa

Quem deverá passar esta terça-feira em Lisboa, a caminho da cimeira de Madrid, será Greta Thuneberg.

A activista sueca tem chegada prevista pelas 8h00 à Doca de Santo Amaro, onde vai ser recebida pelo presidente da Câmara Municipal, Fernando Medina e por alguns deputados. Vai ser em Lisboa que Greta apanhará o comboio para Madrid.


Saiba mais.

Assista à cerimónia de abertura da COP25, incluindo o discurso proferido pelo secretário-geral da ONU, no Twitter da COP25.

Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.

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