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Que espécie é esta: víbora-cornuda

07.12.2020

O leitor Joaquim Silva fotografou uma serpente enquanto percorria o trilho do Morto que Matou o Vivo, a 14 de Março, e pediu ajuda para saber a espécie. Luís Ceríaco responde.

“Se possível, gostaria que me identificassem esta cobra que estava a comer uma lacraia (penso eu) e que foi vista à chegada à aldeia de Covas do Rio (S. Pedro do Sul) no trilho do “Morto que matou o Vivo”. Penso tratar-se de uma víbora-cornuda juvenil mas posso estar enganado”, escreveu o leitor à Wilder.

Trata-se de uma víbora-cornuda (Vipera latastei).

Espécie identificada por: Luís Ceríaco, especialista em répteis e investigador do Museu de História Natural e da Ciência da Universidade do Porto.

“Que foto incrível! Sim, parece-me ser uma víbora-cornuda a comer uma centopeia. Registo fantástico!”, comentou Luís Celíaco à Wilder.

A víbora-cornuda é uma das duas espécies de serpentes venenosas que ocorrem em Portugal, juntamente com a víbora-de-Seoane. É normalmente tímida e pouco observada e é muito raro atacar: só se for pisada ou se se sentir ameaçada. Mas nesse caso, é importante procurar-se de imediato tratamento médico.

Esta víbora atinge no máximo 70 cm de comprimento. A cabeça tem uma forma triangular, diferente do resto do corpo, e o focinho proeminente faz justiça ao nome “víbora-cornuda”. Na parte superior da cabeça, surgem duas manchas escuras em forma de “V” invertido. O dorso costuma ter coloração acastanhada ou acinzentada, com uma banda escura que costuma formar um ziguezague.

Segundo o Atlas dos Anfíbios e Répteis (2008), em Portugal a espécie “encontra-se em todo o território constituindo populações dispersas e fragmentadas, de uma forma geral restritas às zonas montanhosas”.

Em território nacional – tal como a nível global – é considerada Vulnerável à extinção. Está ameaçada pela perda de habitat, pelos atropelamentos em estradas e pela perseguição directa, que acontece por aversão ou para ser vendida a coleccionadores, ou ainda para o fabrico de amuletos.

É possível observar-se também a víbora-cornuda por quase todo o território espanhol, mas igualmente de forma fragmentada, e ainda no Norte de África.

O caminho do Morto que Matou o Vivo – que na Wilder já foi sugestão de passeio de Primavera – fica entre as aldeias da Pena e de Cova do Monte, na Serra da Arada, zona de São Pedro do Sul.

Já a 23 de Fevereiro, um outro leitor tinha encontrado uma víbora-cornuda neste mesmo caminho.


Agora é a sua vez.

Encontrou um animal ou planta que não sabe a que espécie pertence? Envie para o nosso email a fotografia, a data e o local. Trabalhamos com uma equipa de especialistas que o vão ajudar.

Explore a série “Que espécie é esta?” e descubra quais as espécies que já foram identificadas, com a ajuda dos especialistas.


Já que está aqui…

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Marco Nunes Correia é ilustrador científico, especializado no desenho de aves. Tem em mãos dois guias de aves selvagens e é professor de desenho e ilustração.

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Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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