PUB

cobra
Cobra-lisa-meridional. Foto: Benny Trapp/Wiki Commons

Que espécie é esta: uma cobra-lisa

20.12.2018

O leitor Tiago Pereira avistou uma cobra na Serra da Freita, em Outubro, e escreveu à Wilder para saber a que espécie pertence. O investigador Luís Ceríaco ajuda a identificar.

 

“Durante uma caminhada na serra da Freita encontrei esta cobra. Tinha cerca de 50 centímetros e apesar de alguma pesquisa não consigo ter a certeza de qual se trata”, explicou Tiago Pereira.

 

uma cobra-lisa (Coronella sp.)
Foto: Tiago Pereira

 

Trata-se de uma cobra-lisa, com o nome científico de Coronella sp.

Espécie identificada e texto por: Luís Ceríaco, especialista em répteis e investigador do Museu de História Natural e da Ciência da Universidade do Porto.

Há duas espécies que pertencem ao género Coronella em Portugal: a Coronella girondica, mais comum, e a Coronella austriaca, menos comum e mais restrita ao norte do território português.

A melhor forma de as distinguir é pela coloraçao ventral que apresentam, mas que não é possível distinguir no caso das fotografias enviadas. Além do mais, na zona da Serra da Freita podem ocorrer as duas espécies, pelo que é difícil através destas fotos dizer quem é quem.

A Coronella girondica, conhecida como cobra-lisa-meridional, pode encontrar-se em Portugal espalhada por todo o território continental, embora de forma descontínua, indica o Atlas dos Anfíbios e Répteis de Portugal. Ocorre numa grande diversidade de habitats, desde áreas mais abertas até zonas com muita vegetação.

 

cobra
Cobra-lisa-meridional. Foto: Benny Trapp/Wiki Commons

 

Esta cobra é de pequena dimensão, atingindo normalmente cerca de 70 centímetros. O vente apresenta tons claros, mas com pequenas manchas negras. Pode ficar activa durante o ano inteiro e é mais fácil de observar ao final do dia ou durante a noite.

Já a Coronella austriaca, chamada de cobra-lisa-europeia, ocorre em áreas costeiras de influência atlântica, nomeadamente entre a Figueira da Foz e Mira, Granja, e a norte do Rio Douro, em Vairão (Vila do Conde). Segundo o Atlas dos Anfíbios e Répteis de Portugal, tem sido encontrada também nalgumas serras a norte do Tejo, em especial no Parque Nacional da Peneda-Gerês.

Em território português, esta espécie é considerada Vulnerável no que respeita à sua conservação.

 

juvenil de cobra-lisa-europeia
Juvenil de cobra-lisa-europeia (Coronella austriaca). Foto: Christian Fischer/Wiki Commons

 

A zona ventral da cobra-lisa-europeia costuma apresentar tons cinzentos ou castanhos, com manchas esbranquiçadas.

 
[divider type=”thin”]Agora é a sua vez.

Encontrou um animal ou planta que não sabe a que espécie pertence? Envie-nos para o nosso email a fotografia, a data e o local. No caso de plantas, deve enviar fotos de pormenor das folhas, frutos e flores (se houver), se possível também tiradas contra o céu. Trabalhamos com uma equipa de especialistas que o vão ajudar.

Explore a série “Que espécie é esta?” e descubra quais as espécies que já foram identificadas, com a ajuda dos especialistas.

[divider type=”thin”]Precisamos de pedir-lhe um pequeno favor…

Se gosta daquilo que fazemos, agora já pode ajudar a Wilder. Adquira a ilustração “Menina observadora de aves” e contribua para o jornalismo de natureza. Saiba como aqui.

Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.

Don't Miss