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Que espécie é esta: tecedeira-de-funil-ferrugento

25.03.2020

O leitor Carlos Rubim fotografou esta aranha a 19 de Março na sua marquise em Paço de Arcos e quis saber a que espécie pertence. Sérgio Henriques responde.

 

 

 

Tratar-se-á de uma tecedeira-de-funil-ferrugento (Tegenaria ferruginea).

Espécie identificada e texto por: Sérgio Henriques, líder do grupo de especialistas em aranhas e escorpiões da UICN (União Internacional para a Conservação da Natureza) e especialista da Sociedade Zoológica de Londres.

As patas aneladas desta fêmea indicam que é do género Tegenaria. Possivelmente será a Tegenaria ferrugenea, tecedeira-de-funil-ferrugento.

Este é um grupo complicado de identificar com alguns géneros próximos que não costumam ter anéis nas patas (Eratigena) mas com o qual estas aranhas se confundem.

Ainda são descritas espécies novas para a Ciência deste grupo para Portugal. Mas este grupo é um habitante comuns das casas portuguesas, onde constroem uma teia em funil que lhes dá o nome, e comem os insectos que nos podem transmitir doenças ou contaminam a nossa comida.

Estas espécies que possivelmente viveriam originalmente em cavidades nas rochas, ou mesmo em entradas de cavernas, acham as nossas casas um bom substituto ao habitat natural que nós lhes tiramos. Embora muito mais seco. É por isso que, normalmente, se encontram ou nas casas de banho ou nas cozinhas. Porque têm sede.

Os pequenos animais tentam beber as gotas que deixamos na banheira ou no lava-loiça e, uma vez lá dentro, não conseguem sair.

O melhor para evitar encontros e salvar a vida a muitas destas criaturas será deixar uma toalha ou um pano nessas superfícies escorregadias. A aranha usa-a como escada para subir e volta à sua/nossa casa com a sede saciada e pronta a defender-nos por mais um dia.

Aqui fica um vídeo de uma aranha do mesmo grupo que ficou com as patas emaranhadas em pó da casa. Mas que quando se apercebeu que a pessoa que a encontrou só a queria ajudar, ficou bem calma e não só deixou que as patas fossem limpas, como as levantou.

 

[divider type=”thick”]Agora é a sua vez.

Encontrou um animal ou planta que não sabe a que espécie pertence? Envie-nos para o nosso email a fotografia, a data e o local. Trabalhamos com uma equipa de especialistas que o vão ajudar.

Explore a série “Que espécie é esta?” e descubra quais as espécies que já foram identificadas, com a ajuda dos especialistas.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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