A leitora Mafalda Campos encontrou este anfíbio a 25 de Dezembro de 2021 em Almargem do Bispo, Sintra, e pediu ajuda para saber a espécie. Rui Rebelo responde.
“Agora após a tempestade, quando ia soltar o burrito, encontrei esta espécie dentro do recipiente da água. Presumo que seja a salamandra portuguesa (embora pouco saiba sobre a mesma). Podem ajudar-me? Constitui algum perigo para os outros animais?(cães, gatos, cabra e burro)”, perguntou a leitora à Wilder.
Trata-se de uma salamandra-de-pintas-amarelas (Salamandra salamandra). Esta espécie tem outros nomes comuns, como saramantiga, saramela e saramaganta. Ou salamandra-do-fogo.
Espécie identificada e texto por: Rui Rebelo, investigador da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.
Esta é a Salamandra-de-pintas-amarelas, ou saramântiga. Há uma salamandra “lusitânica” e talvez se esteja a referir a ela quando fala de “portuguesa”. Não é esta.
Esta espécie é tóxica por ingestão, provocando vómitos violentos (mas não mata). Isso quer dizer que os cães e gatos que a tentam comer (alguns tentam) nunca mais têm essa ideia após a sessão de vómitos. Quanto aos herbívoros, não sei de nenhum caso de ingestão acidental.
A secreção que cobre a pele desta espécie está impregnada com várias substâncias (incluindo a que provoca o vómito). Isso quer dizer que depois de lhe mexer é sempre prudente lavar as mãos com sabão. Mais tarde pode esquecer-se e levar as mãos à boca…
De resto, a espécie é totalmente inofensiva.
A salamandra-de-pintas-amarelas é uma espécie nocturna. É ovovivípara (as fêmeas parem larvas já desenvolvidas, ao contrário da grande maioria dos anfíbios, que põe ovos). As larvas em desenvolvimento nos oviductos das fêmeas (equivalente ao útero dos mamíferos) podem variar entre pouco mais que 10 ou até 90! As fêmeas maiores podem parir muitas larvas.
Agora é a sua vez.
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