A leitora Daniela Marques encontrou estes anfíbios a 10 de Fevereiro em Viseu e pediu ajuda para saber a espécie. Rui Rebelo responde.
“Peguei alguns anfíbios (penso que larvas de salamandra) talvez não enchesse o inverno e como se fosse secar decidi retirar de lá alguns exemplares, caso contrário morreriam. Mas não sei qual é a comida mais adequada, nem que espécies são, nem que idade têm mais ou menos. Agradecia se pudessem dar-me algumas dicas de como cuidar deles”, escreveu a leitora à Wilder.
Tratam-se de larvas de salamandra-de-pintas-amarelas (Salamandra salamandra). Esta espécie tem outros nomes comuns, como saramantiga, saramela e saramaganta. Ou salamandra-do-fogo.
Espécie identificada e texto por: Rui Rebelo, investigador da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.
Ainda vai a tempo – são larvas de salamandra-de-pintas-amarelas. São carnívoras e.. podem ser canibais! O que quer dizer que se forem mantidas todas juntas durante muito tempo… há patas que vão começar a desaparecer.
A melhor forma de as manter é deixar larvas de mosquito vivas dentro do aquário (as larvas de mosquito são relativamente fáceis de encontrar em pontos de água estagnada). Mas qualquer outro insecto, mesmo morto, pode ser comido. Com tratamento personalizado, pode-se partir pedaços muito pequenos de carne (carne picada para hamburguer serve). E agitar esses pedaços em frente ao focinho das larvas. Atenção que a carne que não é consumida e fica na água apodrece muito depressa e deve ser retirada no fim do dia de alimentação. Se se habituarem à carne, basta uma alimentação real dia sim/ dia não. Se não, é mesmo mais fácil encontrar mosquitos, pequenos insectos (mais pequenos que a boca das larvas de salamandra) e soltá-las na água. Com insectos a alimentação já deve ser diária (uma vez por dia), mas os cuidados com a limpeza da água são menores.
Há uma vantagem – com dias mais mornos como os de agora, as larvas de salamandra começam a metamorfosear-se relativamente depressa e não ficam muito tempo na água. Quando começarem a ganhar cor preta e as brânquias começarem a desaparecer é imporante que se lhes dê a hipórese de sair do tanque/ aquário, porque podem morrer afogadas se não saírem.
A salamandra-de-pintas-amarelas é uma espécie nocturna. É ovovivípara (as fêmeas parem larvas já desenvolvidas, ao contrário da grande maioria dos anfíbios, que põe ovos). As larvas em desenvolvimento nos oviductos das fêmeas (equivalente ao útero dos mamíferos) podem variar entre pouco mais que 10 ou até 90! As fêmeas maiores podem parir muitas larvas.
Agora é a sua vez.
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