A leitora Ana Bernardo encontrou este grilo a 31 de Julho em Óbidos e quis saber a espécie. Eva Monteiro responde.
“Quase tropecei neste animal no trilho que estava a percorrer. Julguei que estava morto, pisado por algum caminhante ou ciclista por estar rodeado por formigas, mas mexeu-se quando me aproximei para fotografar”, contou Ana Bernardo à Wilder.
A espécie foi observada no Bom Sucesso, Vau, Óbidos.
“Observei que as formigas se afadigavam à volta da massa que estava a expelir e percebi que se tratava de uma postura. Desloquei para as ervas para não ser pisado. Espero que não seja invasor e não ter interferido no equilíbrio do ecossistema.”
“É possível a sua identificação? Fiquei tão extasiada que nem fiz mais registos…”
Trata-se de um grilo-de-sela-de-Barros (Neocallicrania barrosi).
Espécie identificada e texto por: Eva Monteiro, Rede de Estações da Biodiversidade, Tagis – Centro de Conservação das Borboletas de Portugal.
Esta é uma espécie endémica de Portugal que apenas ocorre numa estreita faixa litoral entre os concelhos de Coimbra e Caldas da Rainha e está classificada como Quase Ameaçada pela União Internacional para Conservação da Natureza (UICN).
Na foto vemos um macho, pois as fêmeas têm um ovipositor em forma de espada longo e bem visível.
A massa de que as formigas se alimentam é provavelmente o espermatóforo, uma cápsula que encerra o esperma que o macho transfere para a fêmea durante a cópula.
Nos grilos-de-sela (subfamília Bradyporinae), o espermatóforo inclui, além do esperma, os chamados “presentes nupciais”, neste caso material nutritivo que ajudaria a fêmea a estar mais apta à reprodução.
[divider type=”thick”]Agora é a sua vez.
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