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Que espécie é esta: cobra-lisa

17.06.2022

O leitor Rui Charneca avistou uma cobra em Marvão em Maio de 2021 e escreveu à Wilder para saber a que espécie pertence. O investigador Luís Ceríaco responde.

“Gostaria de saber que bichinho é este e principalmente se é venenosa. Receio ser uma víbora cornuda. Tinha perto de 25 cm. Encontrada em Maio 21 uma zona rural de Marvão”, escreveu o leitor à Wilder.

Trata-se de uma cobra-lisa, do género Coronella sp.

Espécie identificada e texto por: Luís Ceríaco, especialista em répteis e investigador do Museu de História Natural e da Ciência da Universidade do Porto.

Há duas espécies que pertencem ao género Coronella em Portugal: a Coronella girondica, mais comum, e a Coronella austriaca, menos comum e mais restrita ao norte do território português.

A melhor forma de as distinguir é pela coloração ventral que apresentam, mas que não é possível distinguir no caso da fotografia enviada.

Coronella girondica, conhecida como cobra-lisa-meridional, pode encontrar-se em Portugal espalhada por todo o território continental, embora de forma descontínua, indica o Atlas dos Anfíbios e Répteis de Portugal. Ocorre numa grande diversidade de habitats, desde áreas mais abertas até zonas com muita vegetação.

Esta cobra é de pequena dimensão, atingindo normalmente cerca de 70 centímetros. O vente apresenta tons claros, mas com pequenas manchas negras. Pode ficar activa durante o ano inteiro e é mais fácil de observar ao final do dia ou durante a noite.

Já a Coronella austriaca, chamada de cobra-lisa-europeia, ocorre em áreas costeiras de influência atlântica, nomeadamente entre a Figueira da Foz e Mira, Granja, e a norte do Rio Douro, em Vairão (Vila do Conde). Segundo o Atlas dos Anfíbios e Répteis de Portugal, tem sido encontrada também nalgumas serras a norte do Tejo, em especial no Parque Nacional da Peneda-Gerês.

Em território português, esta espécie é considerada Vulnerável no que respeita à sua conservação.

A zona ventral da cobra-lisa-europeia costuma apresentar tons cinzentos ou castanhos, com manchas esbranquiçadas.


 Agora é a sua vez.

Encontrou um animal ou planta que não sabe a que espécie pertence? Envie-nos para o nosso email a fotografia, a data e o local. No caso de plantas, deve enviar fotos de pormenor das folhas, frutos e flores (se houver), se possível também tiradas contra o céu. Trabalhamos com uma equipa de especialistas que o vão ajudar.

Explore a série “Que espécie é esta?” e descubra quais as espécies que já foram identificadas, com a ajuda dos especialistas.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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